ATA DA QUARTA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 23-02-2006.

 


Aos vinte e três dias do mês de fevereiro do ano de dois mil e seis, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Bernardino Vendruscolo, Carlos Comassetto, Carlos Todeschini, Claudio Sebenelo, Dr. Goulart, Ervino Besson, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, José Ismael Heinen, Luiz Braz, Manuela d'Ávila, Márcio Bins Ely, Maria Celeste, Maurício Dziedricki, Professor Garcia e Raul Carrion. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Alceu Brasinha, Clênia Maranhão, Elias Vidal, Elói Guimarães, Gerson Almeida, Ibsen Pinheiro, Mario Fraga, Maristela Maffei, Mônica Leal, Neuza Canabarro e Valdir Caetano. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Adeli Sell, o Projeto de Lei do Legislativo nº 032/06 (Processo nº 0858/06); pelo Vereador Bernardino Vendruscolo, o Pedido de Informação nº 051/06 (Processo nº 0926/06); pelo Vereador João Carlos Nedel, o Pedido de Informação nº 052/06 (Processo nº 0940/06); pela Vereadora Neuza Canabarro, os Projetos de Lei do Legislativo nos 028 e 029/06 (Processos nos 0837 e 0838/06, respectivamente). Também, foi apregoado Requerimento de autoria do Vereador João Antonio Dib, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando o desarquivamento do Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 015/00 (Processo nº 2481/00). Ainda, foram apregoados os seguintes Ofícios, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre: de nº 139/06, encaminhando o Projeto de Lei do Executivo nº 008/06 (Processo nº 0936/06); de nº 140/06, encaminhando o Projeto de Lei do Executivo nº 007/06 (Processo nº 0935/06). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos 10002211, 10003857, 10004746, 10005632, 10006968, 10007491, 10008014, 10008537, 10010059, 10010069, 10010071 e 10010100/06, do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Na ocasião, em face da inexistência de quórum deliberativo, deixou de ser votada a Ata da Sessão de Instalação da Segunda Sessão Legislativa Ordinária. Em continuidade, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Paulo Ricardo Lorenzi Petry, Presidente da Associação Cultural José Martí/RS, e das Senhoras Magalys Llort, Olga Saranueva e Ivette Saranueva González, convidando Suas Senhorias a integrarem a Mesa dos trabalhos e concedendo a palavra, em TRIBUNA POPULAR, à Senhora Magalys Llort, que discorreu acerca da situação dos cubanos Gerardo Hernández Nordelo, Ramón Labañino Salazar, Antonio Guerrero Rodríguez, Fernando González Llort e René González Sechwerert, que estão presos nos Estados Unidos da América. Em relação ao assunto, historiou o tratamento dispensado pelas autoridades estadunidenses a esses presidiários, seus familiares e advogados, afirmando que Direitos Humanos foram violados durante o período de encarceramento dessas pessoas. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Sérgio Bittencourt, Presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul, convidando-o a integrar a Mesa dos trabalhos. Também, o Senhor Presidente convidou os Senhores Vereadores para, juntamente com Sua Excelência, procederem à entrega de Diplomas aos representantes da Associação Cultural José Martí/RS, simbolizando a solidariedade da Casa com a situação dos cubanos presos nos Estados Unidos da América. Ainda, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Bernardino Vendruscolo, Manuela d'Ávila, Aldacir Oliboni, Maristela Maffei, Ervino Besson, Claudio Sebenelo, Clênia Maranhão e Elói Guimarães, manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Na ocasião, o Vereador Márcio Bins Ely entregou à Mesa cópias de fotografias dos cubanos anteriormente referidos, presos nos Estados Unidos da América. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Raul Carrion solidarizou-se com as dificuldades enfrentadas por familiares dos cinco cubanos presos nos Estados Unidos da América, elogiando a divulgação dessa situação pela Associação Cultural José Martí/RS. Nesse sentido, mostrou-se contrário à condução da política externa estadunidense, argumentando que a Carta de Direitos Humanos e a Organização das Nações Unidas são desrespeitadas pelo governo desse país. O Vereador Márcio Bins Ely mostrou cópias de fotografias dos cubanos Gerardo Hernández Nordelo, Ramón Labañino Salazar, Antonio Guerrero Rodríguez, Fernando González Llort e René Gonzáles Sehwerert, frisando que teve acesso a documentos relativos à prisão dessas pessoas quando Sua Excelência esteve em Cuba. Nesse contexto, expressou a solidariedade do Partido Democrático Trabalhista aos familiares dos cubanos presos nos Estados Unidos da América. Às quatorze horas e quarenta e sete minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e cinqüenta minutos, constatada a existência de quórum. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Ibsen Pinheiro refletiu sobre o momento por que atravessa o Poder Legislativo no Brasil, asseverando que a redução de vantagens concedidas aos parlamentares não aprimora o quadro político, mesmo sendo realizada com o intuito de melhorar a imagem dessas instituições. Ainda, salientou a diferença entre recesso legislativo e férias e atribuiu a peculiaridades da política representativa as dificuldades dos parlamentos em se fazerem entender pela opinião pública e pela imprensa. Após, foi apregoado Requerimento de autoria do Vereador Carlos Comassetto, Vice-Líder da Bancada do PT, solicitando, nos termos do artigo 218, § 6º, do Regimento, Licença para Tratamento de Saúde para a Vereadora Margarete Moraes, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Gerson Almeida, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana. Na ocasião, foram apregoadas declarações firmadas pelo Vereador Carlos Comassetto, Vice-Líder da Bancada do PT, informando o impedimento dos Suplentes Marcelo Danéris e Guilherme Barbosa em assumirem a vereança no dia de hoje, em substituição à Vereadora Margarete Moraes. Em prosseguimento, o Vereador Raul Carrion formulou Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando o envio à Associação Cultural José Martí/ RS de cópias dos apanhados taquigráficos e da gravação audiovisual das manifestações hoje efetuadas na Casa, atinentes ao período de Tribuna Popular. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Elói Guimarães repudiou a influência atual dos órgãos de imprensa nas decisões tomadas pelo Congresso Nacional, alegando que o papel da mídia é o de fiscalizar o Poder Legislativo, e não o de decidir os rumos por ele tomados. Também, tratou de questões referentes à duração do recesso parlamentar e à prática de nepotismo no Poder Público, afirmando que a atividade política tem particularidades que devem ser observadas nessa discussão. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Antonio Dib registrou o transcurso, hoje, do octogésimo terceiro aniversário da Associação dos Funcionários Municipais, historiando a fundação e o crescimento dessa entidade ao longo dos anos. Em relação ao assunto, cobrou da Prefeitura Municipal o reajuste dos valores repassados a essa entidade pelos atendimentos realizados no Hospital Porto Alegre, observando que esses valores não são reajustados há doze anos. A seguir, foi apregoado Requerimento de autoria do Vereador Carlos Todeschini, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo nº 030/05 (Processo nº 0619/05) seja retirado da Ordem do Dia, nos termos do artigo 81 da Lei Orgânica do Município. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Claudio Sebenelo cumprimentou o Vereador João Antonio Dib pelo seu discurso em prol do Hospital Porto Alegre e saudou a presença de representantes do Centro de Apoio aos Portadores de Anemia Falciforme. Nesse sentido, descreveu as dificuldades enfrentadas no combate a essa enfermidade, apontando o preconceito racial como um complicador nessa tarefa e conclamando os Senhores Vereadores a auxiliarem as ações de prevenção dessa doença. Em continuidade, nos termos do artigo 94, § 1º, alínea “g”, do Regimento, o Senhor Presidente concedeu TEMPO ESPECIAL ao Vereador Raul Carrion, que relatou sua participação, em Representação Externa deste Legislativo, na 8ª Reunião do Conselho das Cidades e Comitês Técnicos, realizada do dia sete ao dia nove de fevereiro do corrente, em Brasília – DF. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Elói Guimarães reportou-se ao transcurso, nos próximos dias, do Carnaval, enfocando a grandiosidade e a representatividade para o povo brasileiro desses festejos em todo o território nacional. Nesse contexto, defendeu uma melhor utilização dessas comemorações como atrativo para o desenvolvimento do turismo no País, frisando que a realização adequada desse evento propiciaria a criação de empregos e o fortalecimento da economia nacional. Após, o Senhor Presidente informou que já foram distribuídos aos Senhores Vereadores convites para o Carnaval 2006, prestando esclarecimentos sobre os procedimentos de segurança a serem observados por Suas Excelências nesse evento. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Maristela Maffei informou que participará do desfile da Escola de Samba Imperatriz Dona Leopoldina, a ser realizado no dia vinte e cinco de fevereiro do corrente. Ainda, reportou-se ao pronunciamento hoje efetuado, em Tribuna Popular, pela Senhora Magalys Llort, referente a situações vivenciadas por cubanos presos nos Estados Unidos, e apresentou dados representativos do quadro de violência doméstica observado no Brasil. A Vereadora Mônica Leal propugnou por medidas mais rigorosas no combate à criminalidade, asseverando que dispositivos legais flexíveis, cujo objetivo inicial é o direito à ampla defesa, têm permitido a liberação de criminosos e acarretado riscos à população. Da mesma forma, avaliou o sistema prisional brasileiro, afirmando que as penitenciárias estão superlotadas e não contam com os recursos humanos e materiais necessários à real recuperação e reintegração social dos presidiários. A Vereadora Clênia Maranhão declarou seu apoio ao pronunciamento efetuado nesta Sessão pelo Vereador Claudio Sebenelo, atinente à necessidade de maior divulgação e conscientização quanto à importância de medidas que permitam o diagnóstico precoce e o enfrentamento da anemia falciforme no Estado. Também, cumprimentou os organizadores do Carnaval 2006 de Porto Alegre, ressaltando esperar para breve a inauguração e uso pleno do Complexo Cultural do Porto Seco. A Vereadora Clênia Maranhão, em tempo cedido pelo Vereador Professor Garcia, dando continuidade ao seu pronunciamento em Comunicações, acerca do Carnaval 2006, mencionou a aprovação, por esta Casa, do Projeto de Lei do Executivo nº 052/03, que destinava verbas para construção de barracos e ampliação da pista do Complexo Cultural do Porto Seco. Igualmente, cobrou rigor na fiscalização e no controle da venda de bebidas alcoólicas a motoristas em trânsito durante o Carnaval. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 2ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 025/97, os Projetos de Lei do Legislativo nos 177/99, 197, 285 e 270/01, 114 e 134/03, 189, 317, 320, 321 e 230/05, este discutido pela Vereadora Manuela d’Ávila e pelo Vereador Adeli Sell; o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 030/02; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei Complementar do Legislativo nos 036/05 e 002/04, este discutido pelo Vereador Carlos Todeschini, os Projetos de Lei do Legislativo nos 073, 316, 318, 324, 325 e 310/05, este discutido pelo Vereador Marcio Bins Ely, os Projetos de Resolução nos 153 e 156/05 e 015/06, os Projetos de Lei Complementar do Executivo nos 014 e 015/05, este discutido pelo Vereador João Carlos Nedel. Na ocasião, em face de Questões de Ordem e manifestações formuladas pelo Vereador Claudio Sebenelo, o Senhor Presidente prestou informações acerca do processo de inscrição para pronunciamentos durante o período de Pauta, informando que, a partir da próxima Sessão, essas inscrições deverão ser feitas de forma individual e pelo próprio Vereador interessado, tendo se manifestado a respeito o Vereador João Antonio Dib. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, O Vereador Adeli Sell solicitou do Governo Municipal uma melhor manutenção dos parques e praças da Cidade e avaliou os serviços de segurança e de saúde a que têm acesso os porto-alegrenses. Ainda, questionou a prática de dispensa de licitação que, segundo Sua Excelência, é seguida pelo Poder Executivo com base em dispositivos legais que orientam a aquisição de produtos em situações definidas como “calamidade pública”. A Vereadora Clênia Maranhão reportou-se ao pronunciamento de hoje do Vereador João Antonio Dib, em Comunicação de Líder, acerca da Associação dos Funcionários Municipais, esclarecendo a forma de repasse de recursos ao Hospital Porto Alegre. Também, abordou ações públicas voltadas à preservação de prédios e monumentos históricos, aludindo ao Projeto de Lei do Legislativo n° 230/05, relativo à destinação de áreas para aplicação de arte em grafite. O Vereador Maurício Dziedricki discorreu sobre a política de trânsito seguida pela Empresa Pública de Transporte e Circulação – EPTC, divulgando programas especiais de controle de velocidade e abuso de álcool a serem implantados durante o feriado de Carnaval. Da mesma forma, analisou diferenças existentes entre pichação e grafitismo, lembrando que a legislação em vigor classifica o ato de pichar muros como crime ambiental, passível de multa e prisão do infrator. O Vereador José Ismael Heinen registrou o transcurso, no dia vinte e um de fevereiro do corrente, do aniversário da Batalha da Tomada de Monte de Castelo pela Força Expedicionária Brasileira, classificando esse episódio como um marco da participação do País na Segunda Guerra Mundial. Nesse sentido, saudou o Exército Brasileiro e elogiou atividades empreendidas por essa corporação, principalmente na recuperação de estradas, no combate à febre aftosa e na prevenção da dengue. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em continuidade, foi votado Requerimento verbal de autoria do Vereador Dr. Goulart, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia, conforme definido pelo Colégio de Líderes, o qual recebeu dezessete votos SIM, em votação nominal solicitada pelo Vereador Haroldo de Souza, tendo votado os Vereadores Adeli Sell, Carlos Comassetto, Carlos Todeschini, Claudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Elias Vidal, Gerson Almeida, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, Luiz Braz, Manuela d'Ávila, Márcio Bins Ely, Maria Celeste, Maristela Maffei, Neuza Canabarro, Raul Carrion e Valdir Caetano, votação esta declarada nula pelo Senhor Presidente, em face da inexistência de quórum deliberativo. Às dezessete horas e dezessete minutos, constatada a inexistência de quórum deliberativo, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Dr. Goulart e Valdir Caetano e secretariados pelo Vereador Haroldo de Souza. Do que eu, Haroldo de Souza, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

Na Tribuna Popular, por uma proposição do Ver. Aldacir Oliboni, comparece a Entidade Cultural José Martí, e o assunto é a prisão de cinco cubanos nos Estados Unidos. Desde 1998 cinco jovens cubanos estão presos nos cárceres dos Estados Unidos, são eles: Gerardo Hernándes, Ramón e René González, Antonio Guerrero e Fernando González. Como sabemos que desde essa época esses homens sofrem diversos atentados repudiados pelos Direitos Humanos do planeta, esta Casa, que tem sempre estado ao lado dos mais fracos, ao lado dos oprimidos, ao lado dos esquecidos, se manifesta neste momento, não como um assunto seu, particular do Município, mas como um assunto universal, um assunto libertário, assunto que não admite a opressão do homem pelo próprio homem; que não admite a opressão dos mais poderosos, mais fortes contra os mais fracos, numa verdadeira covardia e desgraça humana que, a despeito de termos prosperado tanto na tecnologia, não conseguimos evitar o que é o massacre do homem pelo próprio homem.

O interessante, senhores, é que todas as ideologias praticam isso. Todas as ideologias praticam essa atrocidade dos homens contra os homens, e a história tem mostrado o que tem acontecido. Mas, aqui, especificamente, esta Câmara há de proteger esses homens que estão longe de sua pátria, longe de sua família, longe de sua gente, longe do carinho, e muito, muito longe da liberdade. (Palmas.)

Convidamos para compor a Mesa: o Sr. Paulo Ricardo Lorenzi Petry, Presidente da Associação Cultural José Martí; Srª Magalys González Llort, mãe de Fernando González; a Srª Olga Saranueva e senhorita Ivette Saranueva, esposa e filha de Rene González. (Palmas.)

A Srª Magalys Llort, representando a Associação Cultural José Martí/RS, e em nome dos Vereadores que apóiam esta iniciativa do Ver. Oliboni e de seu gabinete, está com a palavra, para tratar de assunto relativo à prisão de cinco cubanos nos Estados Unidos, pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

A SRA. MAGALYS LLORT GONZÁLEZ (Leitura): Mi nombre es Magalys Llort y vengo em representación de los familiares de cinco cubanos que, desde hace mas de siete anos se encuentran presos injustamente em cárceles de Estados Unidos. Sus nombres son: Gerardo Hernández Nordelo, condenado a dos cadenas perpetuas y 15 anos de prisión

Ramón Labañino Salazar, condenado a una cadena perpetua y 18 anos de prisión

Antonio Guerrero Rodríguez, condenado a una cadena perpetua y 15 anos de prisión

Fernando González Llort, condenado a 19 anos de prisión

René González Sechwerert, condenado a 15 anos de prisión

¿Podrán ustedes preguntarse? ¿Cuál es la razón para tan desmesuradas e increíbles condenas? La respuesta es aun más increíble: LUCHAR CONTRA EL TERRORISMO QUE POR MAS DE 40 ANOS CHÁ SUFRIDO NUESTRO PUEBLO. Terrorismo que há dejado un saldo de mas de 3000 muertos y mas de 2000 mutilados, incluidos en ellos ancianos, mujeres y niños.

Las madres, esposas e hijos de estos cinco cubanos, durante estos mas de 7 anos, cargamos con el dolor de las violaciones de derechos humanos y legales que contra nuestros hijos han sido cometidas. Seria interminable enumerar todas y cada una de estas violaciones, por lo que solo citaremos unas pocas, como son:

Al ser detenidos fueron sometidos a largos interrogatorios sin que contaran con la presencia de abogado alguno e, inmediatamente, fueron llevados a celdas de castigo en confinamiento solitario en las que los mantuvieron por 17 meses aislados del mundo exterior, sin que hubiesen cometido indisciplina alguna, castigo que repitieron en dos oportunidades posteriormente. Téngase en cuenta que el sistema penitenciario en EE.UU. contempla esta medida para aquellos casos de indisciplinas graves y que, además, el máximo limite permitido es de 60 días.

Durante todo ese periodo no tuvieron acceso a las evidencias que les permitieran, tanto a ellos como a sus abogados, preparar su defensa adecuadamente.

Desde el inicio del proceso los abogados presentaron múltiples mociones a fin de que el juicio fuese celebrado en cualquier otro lugar que no fuese en la ciudad de Miami.

¿Y por que no en Miami? Pues porque fue precisamente en esa ciudad donde, desde 1959 se ha dado refugio a los asesinos, ladrones y esbirros que salieron huyendo de nuestro país al ser derrocada la tiranía de Fulgencio Batista, la que dejo un saldo a nuestro pueblo de mas de 20.000 vidas perdidas.

Desde esa guarida continuaron llevando el dolor y el luto a nuestro pueblo por las acciones terroristas que perpretabán con la anuencia y el respaldo económico del Gobierno de EE.UU. Esas organizaciones terroristas aun hoy continúan actuando impunemente contra Cuba.

Son precisamente esas organizaciones las que llevaron a un fascista ocupar la Casa Blanca.

¿Puede alguien ser tan ingenuo de imaginar que se pueda impartir allí justicia en un caso de 5 personas que representan la dignidad del pueblo cubano?

Los cinco fueron condenados en un amanado juicio sin existir pruebas, evidencias o documentos que demostraran su culpabilidad pero lo que si quedo demostrado, mediante documentos y testigos, el estado de necesidad de Cuba de defender a su pueblo de la muerte.

La máxima expresión del odio político que se dirigió contra estos cinco hombres, sin fundamento alguno, tuvo lugar em Diciembre del 2001 cuando fueron dictadas las crueles sentencias contra nuestros hijos, quienes todavía hoy permanecen en prision a pesar del dictamen que en Mayo 27 del 2005 hiciera el Grupo de Detenciones Arbitrarias de Naciones Unidas, que declaro ilegal y arbitraria su detención e insto al Gobierno de EU a tomar las medidas necesarias para remediar esta situación.

Posteriormente, en agosto 9 del propio ano, los tres jueces del Onceno Circuito de Atlanta, a quienes les fue asignado el expediente de Apelación, dispusieron la anulación del juicio celebrado en Miami así como la revocación de las sentencias dictadas.

Pero aun nuestros hijos siguen en sus respectivas prisiones.

Esta gran injusticia no se limita al ámbito legal sino también a lo humano. Hasta la fecha el gobierno de Estado Unidos ha impuesto una serie de trabas e injustificadas demoras en el otorgamiento de las visas de las madres, padres, esposas e hijos, que ha conllevado que solo reciban como promedio una visita al año de sus seres queridos.

En el caso de Gerardo Hernández y René González la situación es mas crítica, al impedirse hasta la fecha que sus esposas, lo visiten en prisión y por consiguiente su hija Ivette González, tampoco ha podido visitar a su papa. Hoy Olga e Ivette se encuentran junto a mi en esta sala.

A Olga en 7 ocasiones se le ha negado la visa para visitar a su esposo en prisión, utilizando argumentos y pretextos que no tienen ningún basamento real. En estos momentos solo puede autorizar su visa el Dpto. de Estado.

Ivette tiene 7 años de edad y hasta la fecha no ha podido ver a su para ya que se ha negado la entrada a Estados Unidos a su mama. Los especialistas en sicología infantil, recomiendan que cuando un menor ha sufrido una situación de privación paterna de manera traumática, como es su caso, no se exponga a una separación de la figura de apego principal (su madre) en tanto podría provocarle reacciones emocionales de ansiedad y otros efectos psicológicos negativos.

A Adriana Pérez, esposa de Gerardo Hernández, el 25 de Julio del 2002, el Gobierno de Estados Unidos le impedió su entrada al territorio norteamericano, después de haberle concedido la visa correspondiente. A su llegada al aeropuerto de Houston, Texas, Adriana fue aislada, detenida arbitrariamente, privada de su pasaporte, fotografiada, fichada y sometida a ilegales interrogatorios por el FBI durante once horas hasta finalmente tener que regresar a Cuba sin cumplir su propósito de visitar a Gerardo en la prisión.

Posteriormente, en todas las ocasiones, a Adriana se le negado la visa para entrar a territorio norteamericano y visitar a su esposo, utilizando falsos argumentos, ya que el Gobierno de Estados Unidos no dispone, ni podría disponer, de prueba o indicio alguno para estimar que la presencia de Adriana en territorio norteamericano pueda dañar los intereses de ese país.

Con estos cinco cubanos se han cometidas muchas violaciones de derechos humanos desde el momento en que fueron detenidos, pero una de las mas injustas ha sido la imposibilidad que han tenido de recibir sistemáticamente la visita de sus familiares mas allegados, a las que todo preso tiene derecho.

Es hora ya de acabar con todas estas injusticias, cinco hombres dignos, honestos, son rehenes de un imperio que, impotente ante una revolución victoriosa, personaliza su odio contra ellos y sus familiares.

Basta ya de cárcel, basta ya de ensañamiento.

Desde el derecho que nos asiste, exigimos la libertad de estos cinco hombres.

Muchas gracias. (Palmas.)

 

(Não revisado pela oradora.)

 

(Tradução do texto)

Meu nome é Magalys Llort e represento os familiares de cinco cubanos que há mais de sete anos se encontram presos injustamente em cárceres dos Estados Unidos. Seus nomes são:

Gerardo Hernández Nordelo, condenado duas vezes à prisão perpétua e a 15 anos de prisão;

Ramón Labañino Salazar, condenado uma vez à prisão perpétua e a 18 anos de prisão;

Antonio Guerrero Rodríguez, condenado uma vez à prisão perpétua e a 15 anos de prisão;

Fernando González Llort, condenado a 19 anos de prisão;

René González Sechwerert, condenado a 15 anos de prisão.

Os senhores poderão perguntar qual é a razão para tantas condenações desmedidas. A resposta é ainda mais incrível: lutar contra o terrorismo que por mais de 40 anos vem sofrendo o nosso povo. Esse terrorismo que já deixou um saldo de mais de 3.000 mortes e mais de 2.000 mutilados, incluindo mulheres, crianças e idosos.

As mães, esposas e filhos desses cinco cubanos, há mais de 7 anos, sofrem com essa dor das violações aos direitos humanos ilegais que contra esses nossos filhos têm sido cometidas. Seria interminável enumerar todas e cada uma dessas violações, por isso citaremos apenas algumas:

 - ao serem detidos, foram submetidos a longos interrogatórios sem contar com a presença de qualquer advogado e imediatamente foram levados a celas de castigo e confinamento solitário e lá permaneceram por 17 meses, afastados do mundo exterior, sem que houvessem cometido qualquer indisciplina, castigo esse que repetiram em duas oportunidades posteriores. Deve-se levar em consideração que o sistema penitenciário dos Estados Unidos contempla esta medida para aqueles casos de indisciplina grave, e que o limite máximo de tempo permitido de reclusão é de 60 dias.

- durante todo esse tempo não tiveram acesso aos materiais que permitiriam, tanto a eles quanto aos seus advogados, preparar sua defesa adequadamente.

- desde o início do processo, aos advogados preparam múltiplas ações a fim de que o julgamento acontecesse em outro lugar que não fosse a cidade de Miami.

E por que não em Miami? Porque precisamente nesta cidade, desde 1959, se tem dado refúgio aos assassinos, ladrões e carcereiros que saíram correndo de nosso país ao ser derrotada a tirania de Fulgencio Batista, que deixou um saldo em nosso povo de mais de 20.000 vidas perdidas.

Desde então continuaram levando dor e luto a nosso povo pelas ações terroristas que perpetraram com a anuência e respaldo econômico do governo dos Estados Unidos. Essas organizações terroristas até hoje continuam atuando impunemente contra Cuba.

São precisamente essas organizações que levaram um fascista a ocupar a Casa Branca.

Pode alguém ser tão ingênuo de imaginar que se possa conceder ali justiça em um caso de cinco pessoas que representam a dignidade do povo cubano?

Os cinco foram condenados por um elaborado parecer sem existir provas, evidências ou documentos que demonstrassem sua culpabilidade, pois que ficou demonstrado, mediante documentos e testemunhas, o estado de necessidade de Cuba defender o seu povo da morte.

A máxima expressão de ódio político que se dirigiu contra esses cinco homens, sem fundamento algum, ocorreu em dezembro de 2001, quando foram ditadas as sentenças cruéis contra nossos filhos, que hoje permanecem na prisão apesar da decisão que, em 27 de maio de 2005, tomou o Grupo de Detenções Arbitrárias das Nações Unidas, quando declarou ilegal e arbitrária a detenção e pediu ao Governo dos Estados Unidos que tomasse as medidas necessárias para solucionar essa situação.

Posteriormente, em 9 de agosto deste mesmo ano, os três juízes de Onceno Circuito de Atlanta, a quem foi enviado o expediente de apelação, decidiram pela anulação do juízo celebrado em Miami assim como pela revogação das sentenças expedidas.

Mas os nossos filhos seguem em suas respectivas prisões.

Essa grande injustiça não se limita ao âmbito legal, mas também ao humano. Até esta data, o governo dos Estados Unidos tem imposto uma série de impedimentos e demoras injustificáveis ao outorgamento das visitas das mães, pais, esposas e filhos desses cubanos e decidiram tolerar que somente recebam uma visita por ano de suas pessoas queridas.

No caso de Gerardo Hernández e René González a situação é mais crítica, pois até esta data suas esposas estão impedidas de os visitarem na cadeia. Ivette González, filha de René, tampouco tem podido visitar seu pai. Hoje Olga e Ivette se encontram comigo neste plenário.

À Olga, em sete ocasiões, tem sido negada a permissão para visitar o seu marido na cadeia, utilizando-se argumentos e pretextos que não têm nenhum embasamento real. Só o Departamento de Estado está autorizado a dar o visto a ela.

Ivette tem sete anos e até esta data não pôde ver seu pai, e o governo americano tem negado a entrada de sua mãe nos Estados Unidos. Os especialistas em psicologia infantil recomendam que quando um menor sofrer uma situação de privação paterna de maneira traumática, como no seu caso, não se deve expor o menor a uma separação da figura de apego principal (sua mãe) pois poderia provocar reações emocionais de ansiedade e outros efeitos psicológicos negativos.

À Adriana Pérez, esposa de Gerardo Hernández, em 25 de Julho de 2002, o governo dos Estados Unidos impediu a entrada no território norte-americano, depois de haver concedido o visto correspondente. Em sua chegada no aeroporto de Houston, Texas, Adriana foi detida arbitrariamente, privada de seu passaporte, fotografada, fichada e submetida a interrogatórios ilegais pelo FBI, durante 11 horas, até finalmente ter que regressar a Cuba sem cumprir o seu propósito de visitar Gerardo na prisão.

Posteriormente, em todas as ocasiões, à Adriana tem sido negado o visto para entrar no território norte-americano e visitar o seu esposo, tendo sido utilizado falsos argumentos, já que o Governo dos Estados Unidos não dispõe e nem poderia dispor de provas ou de algum indício para dizer que a presença de Adriana em território norte-americano possa prejudicar os interesses desse país.

A estes cinco cubanos se têm cometido muitas violações aos Direitos Humanos desde o momento em que foram detidos, sendo uma das mais injustas a impossibilidade de receber sistematicamente a visita de seus familiares mais chegados, uma vez que todos os presos têm esse direito.

Está na hora de se acabar com estas injustiças; cinco homens dignos, honestos, são reféns de um império que, impotente ante uma revolução vitoriosa, personaliza o seu ódio contra eles e seus familiares.

Chega de prisão! Basta de crueldade!

Em função do direito que nos assiste, exigimos a liberdade desses cinco homens. Muito obrigada.

(Fim da tradução.)

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Convidamos o Sr. Sérgio Bittencourt, Presidente do  Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul, a fazer parte da Mesa. (Palmas.)

Sabem os senhores que os Vereadores desta Casa, em número quase perto da totalidade, assinaram um Termo de Solidariedade com essas pessoas, mesmo porque, apontando a importância desta solidariedade, esta criança que está à minha esquerda, ainda não conhece seu pai.

Então, antes de passar a palavra às Bancadas para que se manifestem, com o testemunho da Associação Cultural José Martí, aquele poeta que já lutava pela libertação dos povos na história não muito recente de Cuba, que vocês todos conhecem por meio dos famosos versos de Guantanamera: “Yo soy un hombre sincero/ De donde crece la palma...”; sob esse testemunho, e sob o testemunho dos Vereadores que convidarei a ficar junto comigo neste momento - os que quiserem - vamos entregar os Diplomas de Solidariedade que esta Casa presta a essa situação.

Solicito que a Associação José Martí também venha até aqui. (Pausa.)

 

(Procede-se à entrega dos Diplomas de Solidariedade.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Muito obrigado, senhores

O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Sr. Paulo Ricardo Lorenzi Petry, presidente; Srª Olga Saranueva; Dr. Bittencourt e demais representantes, falo aqui em nome da Bancada do PMDB, composta pelos Vereadores Ibsen Pinheiro, Haroldo de Souza e Sebastião Melo, dizendo que fui um dos que assinei esta proposição, por solidariedade humana. Jamais imaginem que eu tenha alguma admiração pelo Presidente de Cuba, que faz tanto quanto estão fazendo lá nos Estados Unidos com os seus familiares. Obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): A Verª Manuela está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

A SRA. MANUELA D'ÁVILA: Sr. Presidente, meu querido companheiro Petry; Srª Olga; Srª Magalys e pequenina Ivette, em primeiro lugar, eu falo em nome do meu Partido, o Partido Comunista do Brasil - em meu nome e no do Ver. Raul Carrion. Nós sabemos que a luta pela libertação dos cinco patriotas, desses cinco heróis do povo cubano, vai muito além das suas liberdades individuais; esta é uma luta contra o imperialismo norte-americano. Nós sabemos do que eles são capazes: eles não são capazes apenas de prender cinco patriotas que estavam investigando atos de terrorismo contra o seu povo e contra o seu país; eles são capazes de fazer uma guerra, como fazem a guerra do Iraque, sem respeitar qualquer regra do Direito Internacional. Por isso, pela questão humana, é evidente, porque todas as regras do Direito Internacional foram violadas nesse caso, mas também porque compreendemos que essa luta é uma luta ainda maior, nós somos convictos de que seremos vitoriosos, porque a autodeterminação dos povos, a soberania, as liberdades e a felicidade são o objetivo de todos nós e serão um dia vitoriosas.

Contem com o Partido Comunista de nosso País para alcançar a liberdade dos cinco patriotas cubanos. (Palmas.)

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ALDACIR OLIBONI: Sr. Presidente, Ver. Dr. Goulart, de quem nós, Vereadores, estamos orgulhosos e agradecidos por ter dado esta oportunidade na Tribuna Popular. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Nós, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, não só estamos sensibilizados e comovidos, mas nos somamos a essa luta dos familiares em poder dizer aos Estados Unidos que, de fato, eles não perceberam o tamanho que tem a luta não só pelos Direitos Humanos, mas o tamanho que nós queremos demonstrar para o país todo em busca da paz, da solidariedade. Eles dão uma impressão inversa: em vez de não só premiar, contemplar, motivar aqueles que lutam contra o terrorismo, contra o imperialismo, fazem o contrário: tentam prender aqueles que mais lutam pela paz e pela dignidade. Nós não entendemos os Estados Unidos quando tomam uma medida dessas e proíbem inclusive a visita dos familiares há muito e muito tempo. É nesse sentido que nós, brasileiros, gaúchos, porto-alegrenses, nos somamos a essa luta da Associação e dizemos que isso é o mínimo que nós podemos fazer, que os Parlamentos não só encaminhem moções de solidariedade, mas que possam lutar, sim, contra o terrorismo e, acima de tudo, em favor da paz.

Nesse sentido, a Bancada do Partido dos Trabalhadores se solidariza com essa luta e se soma em outros eventos no que for necessário. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): A Verª Maristela Maffei está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, quero cumprimentar aqui o Bittencourt, e também o nosso companheiro Petry, quero cumprimentar essas mulheres maravilhosas que estão aqui hoje, sofredoras na alma, que são a Olga, a Magali e a pequena Ivette. Quero dizer que nós temos consciência de que o projeto destruidor da humanidade não está apenas no rosto de quem está hoje no poder do governo dos Estados Unidos; nós temos plena consciência que está no projeto destruidor permanente do olhar de superpotência dos Estados Unidos, desde a questão da indústria bélica, do narcotráfico e tudo que tem de pior na humanidade, de inversão de valores. É um projeto de destruição e de submissão, e não é por um valor jurídico e individual, mas pelo projeto que há na concepção de valores coletivos por essas pessoas que estão lá, que nós também nos sentimos presos junto com eles. Em nome disso, da coragem, em nome também da coragem familiar, da indignação, neste momento, nós todos somos seus familiares, e, dessa forma, nos solidarizamos e estamos juntos desde o início e para sempre com aqueles que têm essa concepção e lutam por esse ideal. Força, coragem, conte conosco. (Palmas.)

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Ervino Besson está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ERVINO BESSON: Meu caro Presidente, Ver. Dr. Goulart; Senhores Vereadores e Vereadoras, Sr. Paulo Ricardo Lorenzi Petry, Srª Olga Saranueva e Magalys, nossa pequena Ivette, nosso querido Dr. Bittencourt, do Movimento dos Direitos Humanos, sempre ao lado dos oprimidos, em nome da nossa Bancada, meu caro Presidente, do Ver. Nereu, deste Vereador que lhes fala, do Ver. Márcio Bins Ely, da Verª Neuza Canabarro e do Ver. Mario Fraga, nós queremos subscrever o seu pronunciamento com o Presidente desta Casa. Sou Grato a V. Exª Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Claudio Sebenelo está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CLAUDIO SEBENELO: Ilma Srª Magalys, e toda a Mesa, o abraço do PSDB. Nossa vontade é, muitas vezes, pegá-los no colo e acariciá-los, com o carinho e a ternura da solidariedade. É um absurdo que no ano de 2006 ainda temos estruturas fascistas que recidivam, que renascem, a toda hora, em vários pontos do mundo, contra uma rosa muito pequena, una rosa mui niña, aqui no Brasil, que é a democracia. E isso para nós é algo que tem de ser conservado, é algo que tem de ser respeitado. Lutem, no país de vocês, pela democracia, mas levem no coração de vocês toda a nossa solidariedade, todo o nosso carinho contra qualquer injustiça; e quando um ser humano for injustiçado, estaremos permanentemente juntos, pelo menos, com o nosso coração. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): A Verª Clênia Maranhão está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, em nome da Bancada do PPS, em meu nome, do Ver. Paulo Odone, do Ver. Elias Vidal e do Ver. Professor Garcia, quero expressar a nossa solidariedade à luta da Fundação José Martí, ao Movimento dos Direitos Humanos, a todos os militantes da causa dos Direitos Humanos que aqui se encontram nesta tarde, expressando a solidariedade desta Câmara a esse desrespeito aos Direitos Humanos, que é a prisão dos cinco cubanos que investigavam exatamente os riscos por que seu país passava.

Eu, não apenas como Vereadora, mas como militante da causa das mulheres, tenho acompanhado, Presidente Petry, em vários fóruns democráticos do mundo, iniciativas de apoio, de solidariedade ao povo cubano, a sua luta e, especificamente, a luta pela libertação dos cinco cubanos injustamente aprisionados nos Estados Unidos. Acho que a solidariedade desta Casa reforça, inclusive, o conceito democrático deste Parlamento no momento em que ele se solidariza com a luta do povo cubano pela libertação dos seus compatriotas.

Eu acho que, neste momento histórico, este nosso ato, esta nossa definição, tem um significado ainda maior neste mundo: o fim da polarização, do poder absoluto de um país que calca a sua administração em cima dos interesses bélicos.

Queria dizer que conheço há muitos anos a sua luta, a sua história, e a história de todas as mulheres e homens que compõem a Mesa neste momento, que nos honram com as suas presenças e que nos inspiram a todos, independentemente de siglas, de idades, de etnias, de religiões, mas nos inspiram a nos somarmos na luta pelos direitos humanos, pela democracia e pela justiça social, base da paz em todos os povos. Obrigada, parabéns pelo trabalho que vocês desenvolvem. (Palmas.)

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigada, Vereadora.

O Ver. Elói Guimarães está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Presidente Goulart, Sr. Paulo Ricardo Lorenzi Petry, Presidente da Associação Cultural José Martí; Srª Olga Saranueva e Magalys, bem como a pequena Ivette, aqui já mencionada; e o amigo Sérgio Bittencourt, Presidente do Movimento dos Direitos Humanos. Tem, o Movimento dos Direitos Humanos, em nosso País, em nosso Estado, em nossa Cidade, uma longa trajetória de prestação de serviços à causa da liberdade. Quero dizer que nos somamos às manifestações na defesa da liberdade, na defesa dos valores universais, no entendimento da democracia. E toda vez que processos não se coadunam nos princípios universais da liberdade, dos direitos humanos, esses devem merecer o coro mundial contrário a atitudes que, porventura, escapem dos processos próprios da democracia.

Portanto, recebam a nossa saudação, a convicção e a certeza de que, cedo ou tarde, nós haveremos de encontrar a solução para problemas como os aqui trazidos pelos Direitos Humanos e, de resto, pelo grupo que integra a Mesa dos trabalhos. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. MÁRCIO BINS ELY: Vereador-Presidente, demais integrantes da Mesa, procurando nos meus arquivos, localizei a foto das pessoas às quais estamos prestando esta homenagem. Passo à Mesa para conhecimento dos demais Vereadores. (Passa as fotos à Mesa.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): (Mostra as fotos.)

O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu queria também saudar, de uma forma especial, todos os Vereadores e Vereadoras que firmaram esta Moção que, só por uma questão de trâmites na Casa, não será votada hoje, mas já conta com a assinatura de mais de 30 dos 36 Vereadores desta Casa - alguns ainda não estão aqui no momento -, e que 11 dos 12 Partidos desta, Casa já a assinaram. Portanto, é uma Moção que, independente de cores ideológicas, de posições ideológicas, representa o reconhecimento desta Casa, a justeza da luta e das reivindicações que são trazidas a nós.

Primeiro, que esses heróis do povo cubano, massacrados nas prisões norte-americanas, impedidos de receber os seus familiares e seus amigos, que não tiveram direito a um julgamento justo, em primeiro lugar, que tenham direito a isso. Em segundo lugar, que tenham um tratamento digno, alheio à tortura, à perseguição como vêm sofrendo; e, em terceiro lugar, que tenham o direito a receber os seus familiares e os seus amigos.

Não são eles os terroristas, os cinco heróis cubanos não são terroristas; ao contrário, eles buscavam evitar que os atos terroristas contumazes, que têm a sua origem na Flórida, em Miami, sob os olhos e a condescendência do país mais terrorista do mundo - os Estados Unidos -, atingissem o povo cubano e atingissem os amigos do povo cubano que lá se encontram.

Terroristas são os Estados Unidos que tentaram invadir e submeter Cuba no episódio da Baía dos Porcos, nome que diz bem de quem tentou atentar contra a soberania do povo cubano. Terroristas são aqueles que em Guantanamo, território cubano, Ver. Bernardino, que há mais de 100 anos ocupam, impondo pela força, uma soberania estrangeira sobre o solo cubano. Terroristas são aqueles a quem a ONU hoje exige que feche Guantanamo e cessem lá as torturas contra os patriotas iraquianos. Terroristas são aqueles que, no Iraque, nas prisões do Iraque, como está denunciado em todo o mundo, submetem os resistentes iraquianos a todo tipo de tortura e a todo tipo de desrespeito aos Direitos Humanos; e no Afeganistão fazem isso; que sustentam a agressão israelense ao povo palestino.

São aqueles, Ver. Ervino, que aqui no Brasil derrubaram o Governo legítimo de João Goulart, do Partido de V. Exª, e impuseram, durante 21 anos, uma ditadura. E todos os regimes de força, nesta América Latina, ou no mundo, tiveram e têm a mão, no passado, e hoje, do país mais terrorista que a humanidade já conheceu.

Quero, por fim, dizer que, em 2004, três juízes da 11ª Mesa de Corte e Apelações de Atlanta receberam o pedido da anulação do Processo, Ver. Elói Guimarães, pois foi um Processo viciado. Dezessete meses depois, por unanimidade, anularam a sentença e solicitaram um novo julgamento.

É isso o que os povos do mundo esperam, porque, independentemente de qualquer ideologia, nós, pelo menos, nos pautamos pelos Direitos Humanos e pela Carta de Direitos Humanos da ONU. Algo que os Estados Unidos não respeitam. Não só a Carta de Direitos Humanos, como não respeitam a ONU, também. Atropelaram a ONU na agressão ao Iraque, como pretendem atropelar a ONU na agressão a outros povos.

Fica aqui esta fala, em nome da Bancada do Partido Comunista do Brasil, e com a certeza, em nome, se não da totalidade, da maioria dos Vereadores desta Casa, não só a nossa solidariedade aos cinco cubanos presos, heróis cubanos, mas a nossa solidariedade, sem dúvida, a todos os povos oprimidos, todos os povos que têm sofrido a pressão e o terrorismo do estado norte-americano.

Um grande abraço à Magalys, à Olga, e à Ivette, e a nossa homenagem a José Martí, e à Associação dos Direitos Humanos que vem desenvolvendo um importante trabalho nesse campo. Muito obrigado a todos. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Márcio Bins Ely está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. MÁRCIO BINS ELY: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Venho a esta tribuna com o objetivo de ilustrar e trazer ao conhecimento das pessoas que acompanham esta importante Sessão, em que prestamos, através do Legislativo Municipal de Porto Alegre, a nossa solidariedade, quando constatamos a injustiça que foi feita com esses homens que estão presos nos Estados Unidos. Nós queremos registrar aqui, como é do nosso conhecimento, uma vez que estive visitando Cuba e tive a oportunidade, através da Juventude Comunista Cubana, de ter acesso aos documentos e às informações a respeito desse assunto, e trazer as fotos identificando os cidadãos cubanos que estão presos. (Mostra as fotos.) Este é o Fernando González Llort, que nasceu na cidade de Havana, em 18 de agosto de 1963, foi graduado e diplomado em 1987, como Licenciado em Relações Políticas Internacionais pelo Instituto Superior de Relações Internacionais do Ministério de Relações Exteriores; foi condenado a 19 anos de prisão. René González nasceu nos Estados Unidos, em Chicago, no dia 13 de agosto de 1956, piloto e instrutor de vôo, e foi condenado a 15 anos de prisão. Ramón Labanino Salazar, conhecido como Luís Medina, nasceu em 9 de junho de 1963, na cidade de Havana, graduado e diplomado em 1986 na carreira de Licenciatura e Economia da Universidade de Havana, e foi condenado, injustamente, à prisão perpétua por mais de 18 anos. Gerardo Hernández Nordelo nasceu na cidade de Havana, em 4 de junho de 1965, condenado a 15 anos. E, por fim, Antonio Guerrero Rodríguez, que foi condenado a dez anos.

Portanto, prestamos aqui a nossa solidariedade, em nome da Bancada do PDT. Falo representando os Vers. Nereu D’Avila, Neuza Canabarro, Ervino Besson, Dr. Goulart, Mario Fraga e este Vereador que lhes fala, registrando a nossa solidariedade. Nós que somos conhecedores do apelo que já vem sendo feito em nível internacional dessas aguerridas mulheres que lutam pela liberdade de seus maridos; enfim prestamos aqui a nossa solidariedade à causa tão importante. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado, Srs. Vereadores. Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h47min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart - 14h50min): Estão reabertos os trabalhos.

Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

O Ver. Ibsen Pinheiro está com a palavra em Grande Expediente, por permuta de tempo com o Ver. Elias Vidal.

 

O SR. IBSEN PINHEIRO: Sr. Presidente, minhas colegas e meus colegas, eu fiz uma permuta de tempo, hoje, com o Ver. Elias Vidal para fazer um pronunciamento doméstico. Não se destina a nenhuma repercussão externa, o que, aliás, não vai ter mesmo, mas é apenas uma reflexão com os colegas sobre o momento que vive o Poder Legislativo em nosso País. E para esta reflexão de caráter quase intimista, eu quero começar dizendo que amanhã ou depois, quando vier a voto aqui, eu votarei a favor da proibição do nepotismo, e, depois, quando vier a voto aqui a redução do recesso parlamentar, eu votarei a favor, também, da redução do recesso parlamentar, como já votei a favor, no passado, da extinção da remuneração das convocações extraordinárias. Tudo isso foi feito para recuperar a imagem do Poder Legislativo que nunca sofreu um processo tão dramático de agravamento e desgaste. Isso deveria nos fazer refletir que pelo menos essas providências não produziram o resultado esperado. E agora? Será que se produzirá esse resultado?

Eu tenho uma convicção que quero dividir com os meus colegas. O Legislativo tem mil vícios, mil deformações, que são talvez causa do seu desgaste. Não acredito, não. Acredito que a causa maior do desgaste do Poder Legislativo é ter uma virtude, uma virtude, que é o risco de representar o povo. Essa possibilidade de o Legislativo representar o povo e definir o modelo de sociedade que nós queremos para viver, esse é o grande vício do Poder Legislativo, porque eu vejo que se dá o tratamento de férias ao recesso parlamentar. Pode ser que algum Parlamentar faça do recesso férias, mas provavelmente esse Parlamentar não tem três meses de férias, tem 12, porque aquele que não trabalha no recesso também não trabalha durante a convocação ordinária ou extraordinária. E não há força que faça alguém trabalhar, a não ser o voto popular.

Tenho convicção, meus colegas, de que dos sete pecados capitais, seis dão votações crescentes: a luxúria dá voto; a cobiça, então, o que dá de voto, mas a preguiça eu nunca vi dar voto. Parlamentar preguiçoso é Parlamentar de um mandato só. Então, não é essa a causa do desgaste do Parlamento. Qual será? Será que é férias, então? Se fossem férias, teríamos que ter um terço de pagamento adicional! Não é o que está na legislação? Férias com um terço. Além disso, férias é numa relação de emprego. E não poderia, então, haver a demissibilidade. Logo, não acho que esteja aí a causa dos desgastes terríveis do Poder Legislativo, nem nas férias, nem no recesso.

Vejam o nepotismo, é feio empregar parentes por essa circunstância. Mas essa é uma questão moral! A rigor não é uma questão legal, porque a economia para o Erário é exatamente igual a zero, porque é obrigado a destituir o parente, o nepotista militante nomeará amigos ou parentes dos parentes ou amigos dos amigos. Então, essa não é uma questão legal, é uma questão moral.

Tenho a convicção, meus colegas, de que o desgaste da imagem do Legislativo terá mantida a sua causa, que é o perigo de representar o povo.

Eu lembro de um tempo, ainda - e os mais jovens, se não lembram, sabem -, em que os Parlamentares entravam nas Casas Legislativas entre corredor polonês de aplausos. É claro, era a própria oligarquia que estava presente no Parlamento. Basta olhar os nomes! Companheiros, inclusive gente da melhor qualidade! Nomes que compunham a primeira Assembléia Legislativa do Rio Grande! Os oligarcas não mandavam representantes, iam eles próprios para as Casas Legislativas. As elites aqui se assentavam. Pois o aprofundamento do processo democrático, assim como produz um efeito perverso de trazer pessoas despreparadas - e isso é verdade -, ele tem o efeito altamente salutar de fazer com que o povo esteja presente na Casa Legislativa. E a presença do povo é intolerável para aqueles que defendem, sim, com privilégio, o modelo de sociedade que nós temos que viver. E essa é a causa do terrível desgaste! Não pode ser amor ao dinheiro público, não, porque os mesmos que fazem essa terrível pregação para a preservação do dinheiro público, são os mesmos que pedem subsídios para todas as suas atividades ou isenções. E eu pergunto: há algum exemplo melhor de nepotismo que a empresa privada em nosso País? Mas se pode dizer que ali é dinheiro particular; só se fabricarem o seu próprio dinheiro, porque é do couro que saem as correias, e o trabalho que produz a riqueza, produz toda a riqueza.

Mas eu não quero nem essa categoria sociológica, vamos na relação direta da empresa privada com o dinheiro público! É dinheiro público, sim, aquele de uma concessão do serviço público! É dinheiro público, sim, o que uma empresa concessionária de serviço público gasta ou o que uma empresa que importa com isenções tributárias os seus insumos, isso é dinheiro público! E não será dinheiro público a dedução do lucro empresarial que se faz com o emprego dos parentes numa empresa privada? É dedução do lucro empresarial, é o Imposto de Renda que paga as empregadas domésticas, os garçons e os motoristas das grandes empresas, mas não paga a empregada doméstica, a diarista da classe média, porque esta não pode deduzir do Imposto de Renda.

Mas lembrem que pessoas das nossas relações, da melhor qualidade, empresários poderosos, e lembrem também que o motorista, a cozinheira, o garçom, estão todos na folha, e que o automóvel que é feito por leasing, é dinheiro público! Logo, meus colegas, nós não podemos dizer essas coisas de público, estou dizendo aqui porque esta é uma reunião reservada e, como se sabe, essas matérias não interessam!

Então, nesta reunião reservada, fechadas as portas, vamos votar pela redução do recesso parlamentar. Não adianta nada, mas vamos votar, claro. Talleyrand dizia que se pode fazer qualquer coisa com a baioneta, menos sentar-se em cima. Nós não vamos, também, fazer o haraquiri; vamos reduzir o recesso. Eu acho até que devíamos reduzi-lo para 30 dias, já que chamam de férias, se é recesso.

Participei, também, meus colegas, da extinção do pagamento da convocação extraordinária. E não há nada mais justificável do que o pagamento da convocação extraordinária, pois é extraordinária! Mas eu lembro, posso testemunhar aos mais jovens - o Dib e eu podemos testemunhar - de um tempo em que o subsídio era 50% fixo e 50% variável, o jetom. Pois uma campanha de imprensa terrível extinguiu o jetom! E aí o subsídio passou a ser 100% fixo! E era o 50% variável que justificava a remuneração da convocação extraordinária! Quero testemunhar, meus colegas, quando havia o subsídio, no recesso, os Vereadores e Deputados recebiam apenas 50% da remuneração, só a parte fixa. E uma vez convocados, pagava-se a parte extraordinária. E sabem qual era o efeito saudável disso? A convocação extraordinária era extraordinária, acontecia raramente. Os colegas consultem a memória, sabem quantas vezes houve convocação extraordinária no primeiro ano desta Legislatura? Sabem? Cinco vezes a extraordinária e uma vez a ordinária. Até parece uma contradição em termos, devia ser o contrário. É claro, basta convocar, não precisa pagar! Convoca até por 24 horas. Então, a lógica da vida parlamentar está sendo profundamente afetada. O Parlamento nasceu, há 600 anos, só para aprovar o Orçamento, e era um mês de sessão legislativa e 11 meses de recesso, até para que os Parlamentares tivessem também a sua atividade profissional, tivessem as suas relações políticas. Mas a cobertura rasteira que se faz transformou o mandato num emprego, sem as garantias do emprego; então, férias em vez de recesso, salário em vez de subsídio.

Tal como nos ensina a baioneta de Talleyrand, vamos fazer tudo isso agora, precisamos ter a consciência de que não são os nossos mil defeitos que assustam os poderosos, que destroem a imagem do Parlamento, é a nossa única virtude: representar o povo. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Muito obrigado.

A Verª Margarete Moraes solicita Licença para Tratamento de Saúde.

 

(Obs. Foi apregoado Requerimento de licença da Verª Margarete Moraes e dada a posse ao Suplente, conforme consta na Ata.)

 

O SR. RAUL CARRION (Requerimento): Exmo Ver. Dr. Goulart, queria somente fazer um pedido - creio que será acolhido - no sentido de que se entreguem cópias, tanto das notas taquigráficas da homenagem prestada aos cinco heróis cubanos, quanto da gravação em vídeo dessa memorável Tribuna Popular, à Associação José Martí, que na saída manifestou o interesse de dispor e até disponibilizar para os familiares dos cinco heróis posteriormente.

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Está anotado, Excelência.

O Ver. Elói Guimarães está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, hoje estou com dois tempos e pretenderia, inicialmente, examinar o tema que farei nas Comunicações, mas vou aqui seguir as águas da temática examinada pelo eminente Ver. Ibsen Pinheiro, no que respeita a quadra atual da vida brasileira e todo o envolvimento que se dá com as instituições, basicamente parlamentares, porque é bom que se trace as naturezas e diferenças entre as instituições. Ora, comparar o Legislativo com o Judiciário e com determinadas áreas é um lamentável equívoco.

Mas Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, o Congresso Nacional - vamos-nos ater ao Congresso Nacional -, é bom que se frise, está extremamente fragilizado, mas fragilizado por um conjunto de situações em que ele próprio ou setores do Congresso Nacional não se comportaram dentro dos parâmetros que nós reputamos da moralidade.

Então, quando se discute matéria dessa natureza e, principalmente, a questão da moral, não se quer defender situações que todos aqui condenamos. Agora, a situação do Congresso Nacional, hoje, é altamente deprimente; altamente deprimente! Infelizmente deprimente porque se a mídia disser: “Congresso Nacional, morda o rabo do cachorro!”, o Congresso Nacional vai lá e morde o rabo do cachorro. Está assim! É tal a fragilidade, é tal a falta de autonomia e a falta de coragem do Congresso Nacional que ele está sendo tocado pela mídia. Isso não significa dizer que a mídia não tenha razão em muitos dos enfoques que faz; é outra discussão.

Agora, examinemos a questão ligada ao recesso. Vamos examinar o recesso, e é bom que se diga aos quatro ventos: recesso não é sinônimo de férias. Pode o Parlamentar embutir férias no recesso? Sim, ele é um ser humano como qualquer outro. Então, é bom que se diga, e que se bata, porque os jornais, a mídia, a grande mídia, diz que são férias; e recesso não são férias.

A atividade parlamentar tem as suas peculiaridades, a atividade parlamentar não se exerce aqui neste Plenário apenas e tão-somente; ela está sendo exercida nos gabinetes e fora dos gabinetes. A atividade parlamentar importa, Vereador-Presidente Goulart, em o Parlamentar deslocar-se às mais diferentes áreas, e muitas vezes vai-se a uma festa, não para festar, vai-se em razão das obrigações que decorrem da natureza do mandato, porque o Parlamentar é escolhido pelos eleitores e tem obrigações com os eleitores. E é bom que se diga que tem muito Parlamentar chamado de “copa do mundo”, porque só aparece nos lugares de quatro em quatro anos, e a população, com justiça, cobra isso.

Então, essa visão de que a atividade parlamentar se esgota, de que se exerce nos lindes do Plenário é equivocada, absolutamente equivocada.

Bem, o que se faz? Então o Congresso Nacional, em especial, o Congresso Nacional fragilizado - repita-se -, batido pela grande mídia, faz o que esta lhe diz: “Olha, esse negócio de recesso tem que diminuir. As férias têm que diminuir”. E lá vai o Congresso e diminui. E por aí se vão as questões, e isso vai passando e perpassando este País continental, e já as Assembléias saem correndo atrás, e as Câmaras também. Sequer se examina, sequer se analisa.

A questão da moralidade trazida com proficiência pelo eminente Ver. Ibsen Pinheiro tem de ser discutida; vamos discutir essa questão da moralidade, vamos enfrentar as questões. A questão do cargo em comissão, por exemplo, tem de ser examinada a natureza do cargo em comissão. Mas de que natureza é o cargo em comissão? Esse é um cargo demissível ad nutum, esse é um cargo que não assegura garantias, e nem se exige, do ponto de vista legal, que a pessoa para o preenchimento da vacância do cargo em comissão, atenda a determinados pressupostos; então ela não pode ser discriminada.

Há a questão do nepotismo, por exemplo, de que todo o mundo tem medo, essa é a grande verdade. E o pior é que se transforma essa moralidade em bandeira ideológica. Aqui nesta Casa está transformada a questão do nepotismo em bandeira ideológica, como já se fazia antes. Então, nós temos que examinar. Vamos discutir a moral? Vamos. Vamos discutir o que é moral, o que não é moral, e é bom que nos examinemos, se efetivamente, muitas vezes, nós, que temos iniciativas dessa natureza, procedemos com absoluta moralidade, se assim se pode dizer.

Então, a classe política, as instituições, estão sendo batidas, tocadas pelo vento forte da mídia, da grande mídia, que tem lá as suas questões; tem sim. Tem-se que investigar! Agora, quando se defendem esses pontos de vista, não se quer absolutamente defender aqui situações irregulares. Nós somos contra qualquer situação irregular, contrários a qualquer situação que deponha contra a verdade; agora, pegarem-se em determinados temas e transformá-los em moral ideológica...! E nós conhecemos a catilinária da moral ideológica de Partidos que se construíram através da moral ideológica, e cresceram em cima de cadáveres. Sim, cresceram em cima de cadáveres, construindo a sua trajetória em cima de cadáveres!

É preciso que o Parlamentar tenha coragem, é o que falta hoje, no Brasil, inquestionavelmente. Está aí esse pobre Congresso Nacional: “olha, a mídia disse”, e ele vai correndo para lá. É aquilo que eu disse, se a mídia disser: “vai lá e morde o rabo do cachorro”, o Congresso Nacional vai lá e morde o rabo do cachorro, com raríssimas exceções. Então, o que está acontecendo? A mídia, a grande mídia, pauta a conduta e as decisões de nosso País. Não significa dizer - e é bom que já se diga - que a mídia não tenha razão em muitas das questões que coloca, quando se desvia das finalidades do interesse público, quando se tem corrupção, por exemplo, a mídia tem que desempenhar o seu papel.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Elói Guimarães, eu quero saudar de uma forma muito profunda o pronunciamento de V. Exª e o grande pronunciamento do nosso colega Ver. Ibsen Pinheiro. Muito obrigado.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Esse assunto haverá de nos arrastar para o debate, porque temos que colocar muita coisa na mesa; nós temos que examinar essas situações todas, em que se embandeiram determinadas coisas e se transformam a moral e a moralidade. Obrigado, Presidente.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado, Excelência. O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver. Dr. Goulart; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu quero me dirigir ao Prefeito José Fogaça e à Liderança do seu Governo nesta Casa. Hoje, a Associação dos Funcionários Municipais completa 83 anos. No dia 23 de fevereiro de 1923, três jovens servidores municipais - Júlio Lopes dos Santos Sobrinho, Artur de Moura Toscano e Antônio Francisco da Rocha -, numa comissão, organizaram a Associação dos Funcionários Municipais. Eles encerraram a ata daquela sessão dizendo o seguinte (Lê.): “Plantamos hoje em terra fértil a semente que breve desabrochará e muito cedo frutificará”. E eu diria que até 1989, a Associação dos Funcionários realmente via frutificar o trabalho da sua Diretoria. Até aquela data, os Prefeitos se preocuparam com a Associação dos Servidores, especialmente com o Hospital Porto Alegre, que continua servindo aos servidores municipais, atendendo àqueles a que a Prefeitura não tem como resolver o problema, aqueles a que o SUS não atende, aqueles que precisam da urgência e recebem o carinho no Hospital Porto Alegre.

Mas nos últimos 16 anos, no Governo do Partido dos Trabalhadores, as coisas foram muito difíceis. Completamente abandonado pela Administração, o Hospital Porto Alegre continua servindo os municipários, mas com esforços extraordinários.

Antes do Prefeito Célio Marques Fernandes, o Prefeito Ildo Meneghetti concedeu dois andares de um edifício na Travessa Leonardo Truda, onde se instalou a Associação dos Funcionários Municipais, a AFM, e continua lá instalada ainda a sua administração.

O Prefeito Célio Marques Fernandes doou uma área para que se construísse, ali na Rua Dr. Sebastião Leão, onde hoje está o Hospital Porto Alegre, um hospital moderno, cujo projeto foi aprovado com 12 pavimentos, feito por um dos arquitetos mais famosos em matéria de hospital, o arquiteto Valdetário, de São Paulo. O estaqueamento foi feito para que esse hospital se tornasse realidade.

O Prefeito Telmo Thompson Flores, quando assumiu, sentiu a necessidade dos servidores para o atendimento do grande risco, e fez, com a Associação dos Funcionários Municipais, um convênio para atendimento do grande risco. Esse convênio sempre foi atualizado, até 1994. A partir de então, o recebimento que tem a Associação dos Funcionários Municipais pelos atendimentos que faz é exatamente o dos valores de 1994. Isso é absolutamente impossível! São passados 12 anos e, ao longo dos anos da Administração petista, era sempre uma “espada pendurada” sobre a Associação, porque se dizia que talvez aquele ano fosse o último a ser auxiliado por meio do convênio; o atendimento dos servidores municipais. E a Prefeitura só programava três meses, e pagava com atraso. Hoje a Prefeitura não atualizou os valores.

Hoje a Associação dos Funcionários Municipais está pedindo essa atualização. Aquilo que lá está construído, que é o Hospital Porto Alegre, deveria ser a casa de geriatria dos idosos, dos aposentados da Prefeitura e que não tivessem famílias, mas depois das Administrações Thompson Flores e Villela, poucos recursos foram repassados para as obras da AFM.

Então, hoje, quando a AFM completa 83 anos de excelentes serviços prestados aos servidores municipais, nós apelamos ao Prefeito José Fogaça: olhe pela Associação dos Funcionários Municipais, visite o Hospital Porto Alegre, mas sem avisar que vai fazer a visita; vá lá uma manhã e veja o que é o atendimento, o que é o carinho de quem atende com o coração, e não com a mente.

Portanto, os nossos cumprimentos à Direção da Associação dos Funcionários Municipais nos seus 83 anos e o desejo de que o nosso Prefeito dê ao Hospital Porto Alegre condições de continuar atendendo condignamente os servidores municipais que buscam urgência nos seus atendimentos e são atendidos sempre, são hospitalizados, fazem seus curativos, tomam os seus remédios, fazem análises, cirurgias, tudo funciona bem lá pelo esforço de algumas criaturas absolutamente denodadas.

Portanto, o nosso carinho, o nosso cumprimento. E, Prefeito José Fogaça, visite o Hospital Porto Alegre. Saúde e PAZ!

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. CARLOS TODESCHINI (Requerimento): Solicito, Sr. Presidente, que seja retirado da Ordem do Dia, nos termos do art. 81 da Lei Orgânica do Município, o PLL nº 030/05, que nós discutimos ontem, que dispõe sobre as áreas integradas de Segurança Pública, para que nós possamos aperfeiçoá-lo. Passo às suas mãos. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado, acatado.

O Ver. Claudio Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CLAUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Ilustre Presidente Karen da ONG CAPAF/RS - Centro de Apoio aos Portadores de Anemia Falciforme - o Cigano e todo o seu grupo. Antes eu queria cumprimentar o Ver. Dib por ter trazido aqui a questão do Hospital Porto Alegre, porque realmente é perfeita a sua avaliação e, principalmente, o apelo final feito ao Prefeito José Fogaça; quero cumprimentar o Vereador pela iniciativa.

O Centro de Apoio aos Portadores de Anemia Falciforme do Rio Grande do Sul publicou um alerta à população sobre uma propaganda da Secretaria da Saúde em que não entende porque o gestor Estadual não trabalha a anemia falciforme, na medida em que sabemos existir verbas para a execução de programas sobre essa doença. Especialmente por causa de uma informação, dizendo que o tratamento da anemia falciforme poderia ser feita através do uso sulfato ferroso, quando não é verdade, até ao contrário, pode até prejudicar, e muito, as pessoas portadoras de anemia falciforme.

Um pensador brasileiro chamado Contardo Calligaris diz que há uma profunda seqüela escravista nas relações sociais e que há um preconceito inarredável escondido nas pequenas ações e nas pequenas relações de poder - Ver. Dr. Goulart, nosso Presidente - no dia-a-dia, do cotidiano, quando nós fazemos, insensivelmente, dentro do inconsciente coletivo a perenização do preconceito. Uma dessa formas de perenização está manifestada neste aparente erro - entre aspas - de informação, especialmente relacionada à anemia falciforme, que não tem nada a ver com falsidade; é “falci”, no sentido de foice, porque a hemoglobina, que é redonda, aparece em forma de foice, endurece o glóbulo vermelho e faz, inclusive, trombose, em todas as partes do corpo, mas principalmente no cérebro. Os negros sofrem dessa doença e, por isso, por serem negros, por gritarem em caráter permanente, por pedirem esse socorro e por serem, principalmente, excluídos, como diz o Martinho da Vila: “Livres das algemas das senzalas; presos à miséria da favela”, são discriminados por serem negros, e são discriminados por serem pobres, e são discriminados, por fim, por serem doentes.

A miséria, o preconceito e a doença fazem dos portadores da anemia falciforme vítimas de alguma coisa que não é um erro, nem do Ministério, muito menos da sociedade; não é um erro da Secretaria da Saúde, não é do Município, é de toda a sociedade. E, por isso, para aprendermos por falta de informação, inclusive dos médicos, por falta de informação da enfermagem, por falta de informação dos trabalhadores da área da Saúde, nós temos os negros vítimas de uma doença que pode ter tratamento adequado, que pode ter assistência, que pode ter melhoras, mas isso tem um custo alto. E, certamente, esse investimento do Estado e suas verbas não serão feitos naqueles que ocupam a margem da sociedade, esses esquecidos pelo Poder, especialmente os negros.

Eu quero a solidariedade de cada um de vocês nas nossas ações. Nós vamos fazer uma Tribuna Popular com a presença da Secretaria da Saúde. Hoje estivemos com o Dr. Francisco de Assis Isaías, que inclusive nos prometeu a organização, a recuperação, a reparação, mas, principalmente, o cadastramento, a informação, a prevenção, o Teste do Pezinho para nossas crianças negras, para que todos os portadores de anemia falciforme tenham esse direito sagrado de tratamento, de prevenção, de promoção à saúde. Principalmente, que ponhamos esse preconceito lá para o passado e não permitamos que ele passe ao futuro, como mais uma ameaça à população negra brasileira que tem na sua genética, muitas vezes, a possibilidade de ter uma doença tão insidiosa e tão agressiva. E, principalmente, Sr. Presidente, que seja mais um resgate dessa dívida infinda, dessa dívida insuportável que o País tem com a sua raça negra, que o País tem com o resgate de todo um processo histórico para não perenizar a doença, para não perenizar o erro, para aprender e, mais do que isso, para evitar o genocídio, mais que o genocídio, para evitar a perenização do genocídio.

É isso, Sr. Presidente. Em homenagem ao Centro de Apoio aos Portadores de Anemia Falciforme, eu, conversando com o Ver. Braz, que é o Vice-Presidente desta Casa, pedi licença para que hoje nós ocupássemos este espaço, todo ele dedicado a uma luta que pode agora parecer inglória, mas, quando vencermos, seremos todos juntos, abraçados, num coração só. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Saudamos a presença dos que lutam pelos portadores de anemia falciforme no nosso Plenário. Senhores Vereadores, invocando o art. 94 do nosso Regimento, o Ver. Carrion solicita Tempo Especial para dar ciência de seu último trabalho fora da Câmara dos Vereadores, quando esteve no 8º Encontro do Conselho Nacional das Cidades.

O Ver. Raul Carrion está com a palavra em Tempo Especial.

 

O SR. RAUL CARRION: Exmo Ver. Elói Guimarães, demais Vereadores e Vereadoras, como sempre faço nesta Casa quando viajo em representação, e no caso como único Vereador do Rio Grande do Sul a fazer parte do Conselho Nacional das Cidades, eu gostaria de prestar contas a vocês e à população de Porto Alegre, deste 8º Encontro, que é a última reunião do Conselho eleito na primeira Conferência, sendo que o novo Conselho, ao qual eu tive a honra de ser reconduzido, meu Presidente, irá reunir-se possivelmente em abril para tomar posse, ou seja, Porto Alegre continuará contando com um Vereador no principal órgão, digamos, o principal Conselho do Ministério das Cidades. Bem, esta reunião desenvolveu-se entre os dias 07, 08 e 09, em Brasília. O primeiro dia foi dedicado à reunião dos Comitês Técnicos, que são quatro: Transporte, Habitação, Planejamento Territorial Urbano e Saneamento Ambiental. Eu componho, como titular, o Comitê de Transporte. Esse Comitê examinou, em primeiro lugar, o balanço de 2003 a 2005, da Secretaria de Transportes do Ministério, e os investimentos realizados, e constatou-se uma ampliação significativa dos investimentos, a ponto de podermos dizer que, enquanto em 2003, que foi o Orçamento herdado, Verª Maristela Maffei, do Governo anterior, tivemos 500 mil reais em corredores estruturais, já no ano seguinte, em 2004, passamos de 500 mil reais para 87 milhões de reais nos corredores estruturais.

Em 2005, 121 milhões, e, em 2006, já assegurado pelo Ministério, 83 milhões, aguardando as emendas parlamentares, que ainda estão em negociação, devendo certamente ultrapassar esses valores em muito.

O Bicicleta Brasil era zero, em 2003, passou a 1,7 milhão, em 2004, a 3 milhões, em 2006.

E o Brasil Acessível, zero em 2003, um milhão, em 2004; 1,9 em 2005, e 4 milhões, em 2006.

Devemos contar, ainda, os 600 milhões do Pró-Transporte, fundos do FGTS, e 300 milhões do Promob.

Por fim, os orçamentos da CBTU, e da TRENSURB, que é o transporte sobre trilhos; temos, respectivamente, 293 milhões, e 4,4 milhões.

O Conselho considerou positivo, mas reiterou a necessidade de descontingenciar parte desses recursos e aplicar toda a CIDE aqui.

A segunda questão no Conselho Técnico, no marco regulatório da mobilidade urbana, já está na Casa Civil para ser aprovado; o barateamento da tarifa do transporte coletivo urbano no Brasil, e o grupo técnico formado deve dar uma resposta até o início de abril; e a linha que trabalha o Governo Federal é na criação de um subsídio tripartite, entre os 3 níveis da federação, de 10%.

Por fim, no Comitê Técnico, a questão dos mototáxis, em que se constata que, sem cobertura legal, cresce esse serviço em todo o Brasil, causando mortes, causando grandes dificuldades, e foi decidido que o Ministério prepare uma legislação federal tratando do assunto.

Por um lado, regulamentando o motofrete, que é uma realidade, criando uma série de condições, impedindo o mototáxi, e estudando a possibilidade, se for o caso, do triciclo, que é usado na América Latina, em alguns lugares, com regras bem rígidas, porque a moto é considerada inadequada.

Por fim, depois, foi discutida a questão do pacote que o Governo Lula lançou no dia 7, quando iniciou a reunião do Concidades, desonerando o IPI, transformando-o em alíquota zero para dezenas de produtos e insumos, transformando em alíquota de 5% outros tantos, zerando o imposto de importação para o cimento e, principalmente, criando, disponibilizando cerca de 20 bilhões de reais para a Habitação neste País. Colocando, Verª Maristela Maffei, um bilhão no Fundo Nacional de Habitação e Interesse Social - aquele Fundo criado com abaixo-assinado de mais um milhão de assinaturas no Brasil, primeiro projeto de iniciativa popular e que foi regulamentado nesse ano que passou, e agora é assegurado um bilhão para subsidiar a habitação popular.

Concluindo, meu Presidente, também foi debatida a constituição do Comitê Gestor do Fundo, e com isso teremos condições de que esses recursos sejam rapidamente utilizados, inclusive, Ver. Mario Fraga, aqui por Porto Alegre, pois o Governo Lula não vai discriminar se a Administração é de um Partido ou de outro, porque a população não pode ser discriminada. O que interessa é o interesse do povo, qualquer que seja o governante de turno.

Concluo, meu Presidente, também dizendo que o Conselho das Cidades examinou e deliberou sobre as moções que a Conferência, Ver. Comassetto, que lá esteve, havia deixado para o Conselho decidir e sobre as emendas que havia ficado para exigir.

Não consegui expor todo o trabalho desses três dias, mas todos os Vereadores têm em seu poder uma cópia desse relatório, e nós estaremos caminhando para à Casa, oficialmente, todos os documentos que acompanham este Relatório. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Elói Guimarães está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Ver. Dr. Goulart, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, nós estamos ingressando, a partir de amanhã, nos folguedos de Momo, em que no País inteiro reinará a magistratura do carnaval, que é uma festa, é uma instituição nacional. Nós, infelizmente, somos incompetentes em matéria, eu diria, de turismo, em matéria de trazer grandes multidões do Exterior para essa grande festa que está inserida na alma e na história do povo brasileiro, que é o carnaval. Não me consta, Srs. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, que haja, em um outro país, uma festa da dimensão do carnaval. E vejam que somos um país continental, somos um país de oito milhões de quilômetros quadrados, significa dizer que a Europa poderia ser colocada “dentro” do Brasil! Olhem a dimensão deste País. E de norte a sul o carnaval, por assim dizer, empolga jovens, crianças, velhos; os mais diferentes segmentos sociais, nas mais diferentes formas de manifestação popular - são as passarelas, são os bailes, enfim, mesmo que as pessoas se desloquem dos grandes centros, mas para onde forem, lá encontrarão festividades. Então, a grande festa do povo brasileiro é o carnaval.

Nós tínhamos que ter competência para trazer os estrangeiros para o nosso carnaval e com isso fazer divisas, porque hoje um dos grandes empreendimentos, uma das grandes industrias, como se diz, “a industria sem chaminé” é exatamente o turismo. É uma semana em que a Nação brasileira, de uma forma ou de outra, Ver. Adeli Sell, se envolve com o carnaval. Então, nós tínhamos que ter competência para fazer com que os dólares e as moedas estrangeiras ficassem em nosso País. Isso é economia! Vejam, isso aí é economia!

 

O Sr. Adeli Sell: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Fico extremamente feliz de ver a sua intervenção, porque eu concordo integralmente com essa visão moderna, progressista, ousada, de fazer com que o carnaval de Porto Alegre seja o carnaval do Mercosul, porque aqui nós temos proximidades com três outras nações, quatro, o Paraguai não fica longe, também, o Chile. Portanto, nós temos todas as condições de fazer daqui o carnaval do Mercosul. Parabéns à sua proposição, vamos levar isso à Secretaria de Cultura, vamos trabalhar isso na Prefeitura, no trade turístico da Cidade. Parabéns.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Agradeço o aparte de V. Exª, e digo mais, Ver. Adeli, eu extrapolo exatamente para o Brasil. Vale para o Brasil. Nós teríamos que trazer outros povos para assistir essa festa que se integra dentro da nossa história, dentro da nossa própria cultura, que é o carnaval, que é uma coisa muito séria. E depois, nós temos que ter a visão de que é economia, nós poderíamos usar a par do que o carnaval proporciona em termos de alegria, em termos de festividade, etc. e tal, economia, divisas para o País. Nós tínhamos que vender o nosso carnaval - e eu falo aqui numa dimensão nacional -, nós teríamos que trazer de todos os lugares, porque se há uma instituição conhecida lá fora, é bom que se diga, é o carnaval. Claro que lá apresentado de uma forma um tanto, me parece, inadequada, pela mulata, aquela maneira de apresentar, não é esse, mas como uma festa do povo brasileiro, que é o carnaval, e que a todos empolga, há todo um espírito, há toda uma animação nacional em torno do carnaval.

Então nós tínhamos que aproveitar isso, e disso fazer economia, fazer emprego, fazer exatamente dinheiro para aplicar nos problemas sociais graves que possuímos.

 

O Sr. Raul Carrion: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Rapidamente, parabenizando V. Exª pelo pronunciamento, a importância do nosso carnaval, e dizer que as notícias são de que já estão todos os ingressos vendidos, e que o carnaval de Porto Alegre se fortalece com a grande iniciativa do Governo da Frente Popular de constituir lá o Sambódromo, inclusive alguns achavam que talvez por ser na Zona Norte fosse um pouco distante, mas a prática comprova que a força do carnaval é maior do que qualquer coisa. Parabéns.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Ver. Raul Carrion, sobre esse aspecto há controvérsia, inclusive sustentada por este Vereador, mas agradeço, Sr. Presidente.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Srs. Vereadores, quero informá-los de que já estão em seus gabinetes os ingressos para o nosso carnaval. Falem com seus chefes de gabinete, pois já foram distribuídos, há 48 horas, com protocolo assinado por todos os gabinetes. Serão distribuídos em três momentos. Serão distribuídas credenciais para que pessoas de seus gabinetes e alguns familiares ocupem determinado tipo de camarote. Também serão disponibilizados alguns ingressos das arquibancadas, para que os Vereadores os distribuam para o povo. Finalmente, será distribuído um cartão para os senhores apresentarem na chegada à Pista de Eventos, informando quantos de seus familiares ocuparão o palanque. Tudo isso por uma questão de segurança. Nós temos 36 Vereadores e se um ou dois familiares acompanharem, teremos mais de cem pessoas no camarote. Então, por questão de segurança, foi assim encaminhado.

A Verª Maristela Maffei está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Exmo Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores, já que o nobre Presidente manifestou-se em relação ao carnaval, quero dizer que já recebi as credenciais. E estou muito lisonjeada por receber o convite para desfilar na Escola de Samba Imperatriz D. Leopoldina, o que muito me honra. Lá estarei, apesar de estar lá na Zona Sul, de coração. Mas, o carnaval é de todos nós e como fui convidada...

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Um pequeno aparte. Quando a Vereadora diz Zona Sul, ela se refere ao Estado Maior da Restinga, que é a sua Escola, que não fez a fantasia a tempo.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Mas eu gostaria de falar, Sr. Presidente, da visita, hoje, dos familiares dos presos políticos cubanos condenados nos Estados Unidos. Vendo a força e a vontade dos seus familiares, em especial das esposas e filhos, lembrando da representação desta Casa no Fórum Social Mundial, em Caracas, na Venezuela, e aí eu quero fazer aqui um parêntese para dizer, saudosista e, em especial, porto-alegrense é com muita saudade de quando o Fórum Social Mundial acontecia aqui na nossa Cidade. E, com certeza, apesar de considerar que os problemas não são nossos apenas, mas são problemas internacionais e, portanto, é um direito daquela comunidade ter lutado e o levado para lá. Mas nós sabemos um dos motivos do Fórum Social Mundial, Ver. Comassetto, não acontecer mais na nossa Cidade, no nosso Estado do Rio Grande do Sul. É claro que com um pontinho de ciúmes, mas, ao mesmo tempo, sabemos o quanto foi caro para a nossa Cidade e para o nosso Estado ter deixado de ser a sede do Fórum Social Mundial aqui na Capital do Estado do Rio Grande do Sul.

De qualquer forma, quero dizer que os problemas não deixaram de acontecer internacionalmente e principalmente em relação ao problema da violência doméstica sofrido pelas mulheres e pelas crianças e adolescentes no mundo todo. O grupo especial do qual participei, Verª Neuza Canabarro, discutia a violência doméstica - fui relatora -, relatando em especial a realidade da mulher brasileira. Mesmo sabendo dos avanços constitucionais e também das legislações locais, percebemos que, infelizmente, no mundo inteiro este é um problema crucial que deteriora e atinge milhares de crianças, adolescentes e mulheres. É um problema que não costuma obedecer algum nível subcultural específico, como se pode pensar em algum momento que pode ser uma questão de classe social ou uma questão cultural.

A sua importância é relevante sob dois aspectos: primeiro, devido ao sofrimento indescritível que imputa às suas vítimas, muitas vezes silenciosas; e, em segundo lugar, porque, comprovadamente, a violência doméstica, incluindo a questão precoce e o abuso sexual, pode impedir um bom desenvolvimento físico e mental dessas vítimas. De acordo com informações que temos do Ministério da Saúde, as agressões constituem a principal causa de morte de jovens entre cinco e 19 anos, e a maior parte dessas agressões provém do ambiente doméstico. Não são só informações do nosso Ministério, mas da Unicef, num relato das mulheres em que vimos, somente no mundo ocidental, onde sabemos que há amputações, ainda, de partes do corpo, em especial do clitóris, que é um problema muito sério, pois dali provêm infecções gravíssimas, levando as mulheres, inclusive, ao óbito.

Nesse sentido, Sr. Presidente, já havia relatado aqui, durante o recesso, sobre a minha ida ao Fórum Internacional, representando esta Casa. Também quero ampliar a distribuição desse relatório para todos os nobres Pares, dizendo do sentimento desta mulher - e, com certeza, das mulheres Parlamentares desta Casa, bem como dos Parlamentares - e do sentimento que tivemos em nível internacional, durante o Fórum Internacional. De fato, cada vez mais, temos de dar visibilidade a essa luta, não com o sentido de honra de dizer apenas da questão da luta das feministas, mas como uma denúncia pela atrocidade que as mulheres, essas crianças e adolescentes continuam sofrendo em todo o mundo, inclusive, nas altas esferas da nossa sociedade, por exemplo, o abuso e o assédio que sofrem, o que acontece também em diversas estratificações sociais e que, muitas vezes se oculta, pois lá no casebre se ouve o grito, porque é parede com parede, mas no mundo da classe média e da burguesia, fica muito oculto, porque muitas vezes, mandam as pessoas para uma clínica ou elas são jogadas em um setor de psiquiatria, ficando no submundo, não se dando visibilidade.

Portanto, Sr. Presidente, queria agradecer a sua tolerância e dizer que nós continuamos vigilantes não apenas na luta feminista, mas também na Frente Parlamentar da Criança e do Adolescente, à qual, no próximo momento, poderei intervir relatando para a sociedade o trabalho que estamos desenvolvendo. Muito obrigada.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): A Verª Mônica Leal está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. MÔNICA LEAL: Sr. Presidente, Ver. Dr. Goulart; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras; pessoas que nos assistem e, em especial, as pessoas que fazem a segurança desta Casa. Por muitas vezes, tenho me perguntado por que autores de crimes voltam às ruas tão rapidamente? Por que a Polícia prende e a Justiça solta? O que está acontecendo com a Lei? Então, nesses últimos dias, me peguei, por várias horas, lendo e estudando esta matéria que a todo o cidadão brasileiro tem preocupado dia após dia. Nas últimas semanas, três fatos criminosos que ganharam as páginas dos jornais - eu digo três, porque muitos dos outros não conseguiram ganhar as páginas dos jornais - trouxeram à tona a problemática dos processos de prisão de assaltantes, delinqüentes e assassinos que envolvem a Polícia Civil e o Poder Judiciário. No caso do estudante universitário assaltado e morto a facadas próximo à Rodoviária; um entrave entre a Polícia Civil e o Poder Judiciário postergou a captura de suspeitos devido à falta de um documento que comprovaria o indiciamento. Ou seja, por um impasse burocrático a prisão não pôde ser decretada, deixando os autores desse crime soltos para cometerem outros crimes, assustarem a população.

Outro caso que chamou muito a atenção foi a morte do comerciante Ricardo Ketzer, em Cidreira. Os dois homens que assaltaram a sua loja já haviam sido presos - vejam bem, já haviam sido presos! - em flagrante por assalto em dezembro passado, aqui na nossa Porto Alegre. Treze dias depois, foram colocados em liberdade para responder processo. Procuram então, nada mais claro, o Litoral, com a intenção de roubar. Mas não só roubaram; mataram, tiraram uma vida! Um conjunto de regras garante o direito de ampla defesa a qualquer pessoa, para evitar que um inocente vá parar atrás das grades. Esse dispositivo jurídico, ao mesmo tempo em que livra gente honesta da cadeia, também tem beneficiado criminosos de carteirinha.

Um exemplo extremo dessa tolerância é o terceiro caso que vou contar aqui para os senhores. Uma porto-alegrense que, aos 41 anos, já foi presa 41 vezes por suspeita de furto, fazendo do crime uma profissão. Amparados por esses dispositivos legais, criminosos transformam suas vidas em uma seqüência de entradas e saídas de prisões, deixando pelas ruas uma legião de vítimas inconformadas com a complacência da lei. É importante o consenso de que precisaria haver um critério muito mais rigoroso para soltar quem comete um crime ou tem antecedentes criminais.

Se foi cometido um crime grave, é de bom senso que o responsável responda ao inquérito, preso, só que, pela Lei, até ser julgado, um assassino é considerado inocente e pode, portanto, aguardar o desfecho do processo em liberdade. Dificuldades de obter provas e o medo das testemunhas são alguns dos fatores que contribuem para não manter alguém preso. A Justiça Criminal trabalha com o pressuposto de que se não há provas, não há como condenar; se há dúvida, tem de soltar.

Mas na seqüência de crimes flagrantes e prisões começa um caminho tortuoso que vai desembocar no sistema prisional brasileiro. Com uma estrutura degradada e insuficiente, o sistema não permite cumprir todos os mandados de prisão preventiva, que são, sabemos, inúmeros e diários. As penitenciárias gaúchas têm condições de acolher 16 mil presos, quando hoje há 22 mil se amontoando em cadeias que em nada contribuem para que a prisão seja também um espaço de recuperação. A problemática dessa falta de integração dos setores públicos que lidam diretamente com a segurança precisa finalmente ser olhada e revista com toda a atenção, do contrário o círculo vicioso continuará. É necessário que segmentos políticos públicos e privados priorizem ações mais amplas de inclusão social para endireitar esse caminho e atacar as causas da criminalidade, sem, é claro, abdicar da repressão ao crime.

A Polícia, Sr. Presidente, tem de ganhar investimentos nas estruturas de investigação e também efetivo, Ministério Público e Justiça devem trabalhar juntos, para acelerar processos e diminuir a possibilidade de recursos.

Cabe a essas três áreas reconhecer e corrigir as suas deficiências, para que o quadro atual se transforme, para que casos como esses citados não se tornem tão freqüentes nos noticiários, e que a população presa possa, sem dúvida, e nós aqui também, ver uma luz no fim do túnel. São presos amontoados sem condição de recuperação, e nós, brasileiros, sem nenhuma condição de segurança.

Ver. Ibsen, Ver. Dib, os senhores com certeza diriam que não compete a uma Vereadora trazer esse assunto, mas na minha opinião esses assuntos são de suma importância, porque também os efeitos que lá acontecem que serão sentidos aqui na nossa cidade de Porto Alegre. Precisamos, sim, discutir essas questões cada vez mais. Obrigada.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Vereadora, muito obrigado.

O Ver. Nereu D'Avila está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Ausente. A Verª Clênia Maranhão está com a palavra em Comunicações, por dez minutos, por cedência de tempo do Ver. Paulo Odone e do Ver. Professor Garcia.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, eu, preliminarmente, retomo a questão trazida pelo Ver. Sebenelo referente à necessidade de uma maior visibilidade, de um maior enfrentamento à doença anemia falciforme. Eu, por demanda dos familiares dos portadores da anemia falciforme, fui autora da Lei, nesta Casa, que deu obrigatoriedade da inclusão do exame, no Teste do Pezinho, para poder avaliar no recém-nascido a anemia falciforme.

Acho que foi uma importantíssima contribuição deste Parlamento, porém a visibilidade dessa questão é muito restrita e as medidas tomadas em nível estadual em relação a isso têm um enorme significado para o enfrentamento da anemia falciforme no nosso Estado.

A segunda questão a que quero me referir, e preliminarmente tinha preparado a minha intervenção, é saudar as porto-alegrenses e os porto-alegrenses que estão se preparando para brincar o seu carnaval no complexo do Porto Seco e comemorar a vitória de apenas, no primeiro dia, 9 mil pessoas já terem adquirido os seus ingressos para a mais importante e múltipla festa do nosso País, que é o carnaval. Acho que a retomada do carnaval, o resgate da sua história, a ampliação dos espaços públicos são ingredientes fundamentais para a expressão dessa festa multicultural, criativa, afetiva, lúdica, que nenhum País do mundo consegue fazer igual.

Porém, o Ver. Carrion fez um aparte extemporâneo, levantando aqui uma inverdade, como se a realização, as conquistas e os grandes preparativos do carnaval, este ano, não fossem mérito das escolas de samba, do povo, e com o apoio do nosso Governo.

Por que extemporâneo? Porque esta Casa aprovou, no Governo anterior, inclusive por unanimidade, uma autorização para a venda das ações da Petrobras no valor aproximado de 236 milhões de reais, visando à alocação desses recursos em uma conta específica para a construção do complexo Porto Seco.

Estavam previstos no Projeto a construção das pistas - que não foram construídas - e a construção de 15 barracões. Para quem desconhece essa informação, seguramente o Vereador desconhece, apenas sete barracões estavam sendo construídos.

Deveria, portanto, haver nessa conta específica, os recursos destinados à construção dos barracões que não haviam sido construídos. Infelizmente, os recursos, imaginamos, devem ter sido depositados na conta comum e não na conta específica, como deveria ter sido.

Portanto, a construção dos oito barracões, a ampliação da pista e as condições estão sendo feitas neste Governo. Para isso é preciso uma ação efetiva da captação de recursos, do Gabinete de Captação de Recursos do nosso Município, considerando que, infelizmente - contrariando as decisões desta Câmara -, os recursos advindos da venda das ações da Petrobras não foram colocados na conta específica para a construção do Sambódromo, conforme nós havíamos decido nesta Casa.

Portanto, não é justo, e não é verdadeiro esse tipo de comentário, porém eu acho que isso faz parte do passado, não é prioridade nossa colocar isso aqui, mas eu acho que a verdade tem que ser recuperada, porque essa inverdade foi colocada nesta tribuna pelo Vereador que me antecedeu.

Eu queria dizer que nós estamos, neste momento dos preparativos do nosso carnaval, com uma enorme efervescência nas nossas escolas de samba, com o fortalecimento dos nossos enredos, com o melhoramento das construções do complexo do Porto Seco e, enfim, com uma política de captação para que possamos em breve realmente inaugurar aquele complexo.

Queria ainda, Sr. Presidente, relembrar a responsabilidade que todos nós temos como brasileiros, nos momentos que antecedem essa festa que propicia tantos deslocamentos nas nossas estradas, pelos riscos que se avizinham no trânsito, riscos que se avizinham como conseqüência da péssima conservação das estradas deste País, da absoluta falta de rigor no controle das bebidas alcoólicas, fundamentalmente nas estradas, inclusive nas estradas gaúchas - aqui temos uma lei que proíbe as bebidas nas vendas laterais das estradas, mas essa não foi uma legislação capaz de enfrentar a questão da venda e do consumo dos motoristas quando estão dirigindo os seus veículos.

Se, por um lado, nos cabe a cobrança dos órgãos de fiscalização do trânsito nas rodovias, cabe também o apelo para a responsabilidade daqueles que vendem as bebidas, de quem, segundo o pacto nacional de enfrentamento à problemática da mortalidade no trânsito do nosso País, se exigem ações de co-responsabilidade com a sociedade. O dono, o vendedor de um estabelecimento que vende bebidas alcoólicas a uma pessoa alcoolizada que conduz o seu veículo, torna-se, no mínimo, cúmplice de uma ação de infração.

Portanto, neste momento em que discutimos a alegria do carnaval, a alegria da pluralidade, do multicolorido das nossas festas, eu acho que nos cabe também a responsabilidade de discutir aqui a co-responsabilidade da sociedade na venda das bebidas alcoólicas em excesso, na venda das bebidas alcoólicas às pessoas já alcoolizadas, e também o apelo pelo fortalecimento dos trabalhos de fiscalização do trânsito nas zonas urbanas e nas estradas do nosso Município e do nosso Estado.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Exª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Acerca dessa questão da bebida alcoólica, no ano passado tivemos oportunidade de votar um Projeto seu que tratava dessa questão nas chamadas lojas de conveniência. Nós, infelizmente, ainda estamos vendo aqui e em tantos outros lugares a permanência de episódios como esses: as pessoas se embebedando num posto de gasolina para depois, então, saírem com seus carros para as ruas. V. Exª está com sobradas razões, e eu acho que é uma questão, de fato, coletiva, de compromisso da nossa parte também, de cuidar dessas questões. Parabéns a V. Exª.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Obrigada, Vereador.

Infelizmente, a maior parte das vítimas desses acidentes é de jovens; portanto, cabe também um apelo às famílias para evitar a construção de um modelo de responsabilidade no trânsito, e o apelo para que todos aqueles que possam visualizar uma situação de risco possam ligar para a Polícia Rodoviária, possam ligar aos órgãos responsáveis e possam evitar novos acidentes e tragédias.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): A Vereadora, entre tantos trabalhos feitos, destaca-se muito também na luta feminista.

Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

2.ª SESSÃO

 

PROC. N. 3011/97 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N. 025/97, de autoria do Ver. Nereu D’Avila, que reduz o pagamento do IPTU e do ISSQN de toda a pessoa física que assumir, oficialmente, menores ou adolescentes abandonados ou desassistidos, nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente, no Município de Porto Alegre.

 

PROC. N. 3299/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 177/99, de autoria do Ver. Nereu D’Avila, que assegura à criança portadora de deficiência física, mental ou sensorial prioridade de vaga em escola da rede pública municipal. Com Emendas nos. 01 e 02.

 

PROC. N. 2976/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 197/01, de autoria do Ver. Dr. Goulart, que dispõe sobre a obrigatoriedade de ser feita a coleta de preventivo de câncer de colo uterino em 80% das mulheres que compareçam em qualquer posto de saúde que compõe a rede de atendimento do Município de Porto Alegre.

 

PROC. N. 4240/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 285/01, de autoria dos Vereadores Dr. Goulart e Maria Luiza, que autoriza o Poder Executivo a implantar quatro postos de atendimento à saúde 24 horas, distribuídos nos pontos de maior densidade populacional, nas áreas norte, sul, leste e oeste do Município. Com Substitutivo n. 01.

 

PROC. N. 0806/02 - SUBSTITUTIVO N. 01, de autoria do Ver. Luiz Braz, que disciplina a circulação de veículos de tração animal no Município de Porto Alegre e dá outras providências, ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 030/02, de autoria do Ver. Nereu D'Avila. Com Emendas nos. 01 a 07 ao Projeto. Com Subemenda n. 01 à Emenda n. 06 ao Projeto. Com Emendas nos. 01 e 02 ao Substitutivo n. 01. Com Subemenda n. 01 à Emenda n. 01 ao Substitutivo n. 01.

 

PROC. N. 4017/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 270/01, de autoria do Ver. Nereu D'Avila, que altera a denominação da classe Auxiliar de Laboratório e Análises do grupo Saúde e Assistência, constante no Anexo I-A da Lei n. 6.309, de 28 de dezembro de 1988, e alterações posteriores (Plano de Carreira dos Funcionários da Administração Centralizada do Município).

 

PROC. N. 2454/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 114/03, de autoria do Ver. Dr. Goulart, que institui o serviço de analgesia de parto nas maternidades do SUS, no Município. Com Emenda n. 01.

 

PROC. N. 2723/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 134/03, de autoria do Ver. Dr. Goulart, que autoriza o Executivo Municipal a exigir das empresas contratadas para realizar a construção de equipamentos ou similares do Município o aproveitamento de, no mínimo, 51% da mão-de-obra local.

 

PROC. N. 4074/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 189/05, de autoria da Ver.ª Manuela d'Ávila, que institui o Programa Municipal de Fomento ao Teatro e Dança para a cidade de Porto Alegre e dá outras providências.

 

PROC. N. 4824/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 230/05, de autoria da Ver.ª Manuela d'Ávila, que dispõe sobre a utilização de viadutos e muros das escolas públicas municipais para aplicação de arte em grafite.

 

PROC. N. 7006/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 317/05, de autoria do Ver. Elias Vidal, que disciplina, no Município, o horário de funcionamento das atividades de bares, restaurantes, lanchonetes e similares que servem bebidas alcoólicas e dá outras providências.

 

PROC. N. 7039/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 320/05, de autoria do Ver. Bernardino Vendruscolo, que dispõe sobre o uso do Gás Natural Veicular nos veículos do Poder Público Municipal.

 

PROC. N. 7040/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 321/05, de autoria do Ver. Bernardino Vendruscolo, que cria o Programa de Adequação da Frota de Veículos do Poder Público Municipal ao uso do Gás Natural Veicular.

 

3.ª SESSÃO

 

PROC. N. 0942/04 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N. 002/04, de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo, que proíbe, nos órgãos ou entidades da Administração Pública e concessionárias ou permissionárias de serviços públicos, o desconto em folha de pagamento em favor de agremiação partidária.

 

PROC. N. 1494/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 073/05, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que dispõe sobre a obrigatoriedade de colocação de bóias de advertência nas redes de pesca produzidas, comercializadas ou utilizadas, no Município de Porto Alegre.

 

PROC. N. 4768/05 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N. 036/05, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que autoriza o Executivo Municipal a instituir o Conselho Municipal do Artesanato, criar Comissão Provisória destinada a organizar a 1ª Conferência Municipal do Artesanato e dá outras providências. Com Emenda n. 01. Com Substitutivo n. 01.

 

PROC. N. 6771/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 310/05, de autoria do Ver. Alex da Banca, que permite o tráfego de táxis nos corredores de ônibus com a finalidade de prestar socorro à população em casos de emergência.

 

PROC. N. 7004/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 316/05, de autoria do Ver. Elói Guimarães, que institui a Caminhada da Bandeira, a ser realizada concomitante com as comemorações oficiais do Dia da Bandeira, que passa a integrar o Calendário de Eventos Oficiais de Porto Alegre.

 

PROC. N. 7014/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 318/05, de autoria do Ver. Maurício Dziedricki, que dispõe sobre a criação da linha de ônibus inter-hospitais. Com Emenda n. 01.

 

PROC. 7059/05 – PROJETO DE RESOLUÇÃO N. 153/05, de autoria do Ver. Nereu D'Avila, que concede o título honorífico de Líder Esportivo ao Senhor Fernando Chagas Carvalho Neto.

 

PROC. N. 7150/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 324/05, de autoria do Ver. José Ismael Heinen, que inclui o Campeonato “Taça Farroupilha de Bocha”, realizado pelo Clube Independente, a cada quatro anos, na programação oficial da Semana Farroupilha.

 

PROC. N. 7151/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 325/05, de autoria do Ver. José Ismael Heinen, que institui a Semana de Conscientização de Utilização da Faixa de Segurança, que será realizada, anualmente, na 1ª semana de março.

 

PROC. 7182/05 – PROJETO DE RESOLUÇÃO N. 156/05, de autoria do Ver. José Ismael Heinen, que denomina Soldado Expedicionário Arthur Lourenço Stark o acesso de veículos à Câmara Municipal de Porto Alegre.

 

PROC. N. 7230/05 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO N. 014/05, que dispõe sobre a aprovação e licenciamento de projetos para habitações de interesse social referente aos programas que venham a atender a demanda habitacional prioritária (DHP) conforme dispõe o § 3º do art. 22 da Lei Complementar n. 434/99 e a Lei Complementar n. 284/92.

 

PROC. N. 7232/05 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO N. 015/05, que dispõe sobre o parcelamento do solo sob a forma de loteamento para atender ao Programa de Arrendamento Residencial – PAR da Caixa Econômica Federal, ao Programa Habitacional de acordo com a Resolução 460 do FGTS, ambos da Caixa Econômica Federal e outros programas oficiais que venham a atender a Demanda Habitacional Prioritária (DHP) em conformidade com o § 3º do art. 22 da Lei Complementar n. 434/99 e dá outras providências.

 

PROC. 0018/06 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N. 015/06, de autoria do Ver. Carlos Comassetto, que concede o Prêmio de Jornalismo Carmem da Silva à Radialista Beatriz Fagundes.

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. Márcio Bins Ely está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. MÁRCIO BINS ELY: Sr. Presidente, Ver. Dr. Goulart, na presença de V. Exª quero cumprimentar os demais Vereadores e Vereadoras desta Casa, o público que nos assiste pela TV Câmara, nas galerias, as senhoras e os senhores. Faço uso desta tribuna, Sr. Presidente, no dia de hoje, inicialmente, para tecer alguns comentários a respeito do Projeto que está na 3ª Sessão desta Casa Legislativa, o PLL nº 310/05, de autoria do Ver. Alex da Banca, que permite o tráfego de táxis nos corredores de ônibus com a finalidade de prestar socorro à população em casos de emergência.

Quero dizer, Ver. Dr. Goulart, da satisfação - também sou Vereador Suplente - de poder ter tido a oportunidade de estar ao lado do Ver. Alex da Banca, no ano passado, um Vereador aguerrido, e que traz como proposição este importante Projeto legislativo.

Quero dizer que estive em visita, na semana passada, ao Sintáxi, o Sindicato dos Taxistas, onde fiz menção a este Projeto, e relatou-me o Presidente Adão que é um Projeto de relevância, uma vez que o taxista, mesmo em emergência, mesmo com o pisca-alerta ligado, se trafegar dentro do corredor de ônibus, estará cometendo uma infração e poderá ser multado. Então, quero dizer que, também como o Ver. Alex da Banca, tive a oportunidade de fazer um Projeto na área do trânsito. Esses Projetos, por vezes, são Projetos simples, mas que podem agregar e trazer benefícios para a população, fundamentalmente, neste caso, nos casos de emergências para que, então, os taxistas não sejam multados.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Acho que se equivoca o Presidente da entidade, porque tenho em meu Gabinete a pessoa que foi responsável pela JARI da Prefeitura e, sempre que houve uma comprovação do HPS ou de um hospital - nós discutimos isso em nosso Gabinete -, nunca as multas foram mantidas, pelo contrário, porque esse é um caso que todas as pessoas vão verificar através da comprovação do hospital. Porque, se nós banalizarmos a abertura, vai ser difícil, porque aí todo mundo vai ter esta justificativa. Acho que da forma que está hoje, com a responsabilidade da JARÍ, é um bom caminho.

 

O SR. MÁRCIO BINS ELY: Eu quero agradecer, Ver. Adeli, pela sua contribuição, acho oportuna. Realmente a fomentação deste debate inclusive pode gerar algumas opiniões controversas, mas o fato é que realmente, como o próprio Vereador disse e reiterou no seu aparte, é oportuno que se faça e que se levante esse debate, porque, como constatado, os taxistas têm sido autuados e têm sido multados, mas no segundo momento, que seria o momento do recurso, então, realmente, pelo retorno e pelas colocações do Vereador, nós temos de considerar que as multas estão sendo retiradas, mas também fica a ponderação. E quero dizer que, de alguma maneira, é uma alternativa de se construir nesse sentido.

 

O Sr. Bernardino Vendruscolo: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Márcio, quero cumprimentá-lo e, da mesma forma, quero dizer que, se esse Projeto do Ver. Alex da Banca vier, votarei favoravelmente. O que me preocupa - e aí eu peço a sua compreensão, V. Exª é advogado vai entender -, a meu ver, salvo melhor juízo, parece-me que, em situação de emergência, para salvar vidas, não precisamos seguir os regramentos pré-estabelecidos. Esta é a minha preocupação.

 

O SR. MÁRCIO BINS ELY: Ver. Bernardino, agradeço as suas colocações, V. Exª, tenho certeza, tem razão na sua ponderação. Acho que, realmente, no momento de emergência, o bom senso deve prevalecer, porque a regra vai ser a multa para aquelas pessoas que trafegarem no corredor de ônibus, como é o caso, e é o assunto em tela. E, num segundo momento, obviamente num recurso, este deverá ser acolhido, mas com o objetivo de sanar essa primeira etapa, é aí que vem a propositura do Ver. Alex da Banca, para suprir essa lacuna, dando a permissividade ao taxista de poder trafegar sem ser autuado no momento da emergência. No entanto, acho que é importante fomentar esse debate.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Acho extremamente importante o seu pronunciamento. Importante também vai ser uma discussão que nós vamos abrir nesta Casa, a respeito dos taxistas que andam no corredor de ônibus. Só que eu já socorri - uma vez que eu vim da praia - um acidente e passei em excesso de velocidade; comprovei depois, porque, conforme foi dito aqui pelo Ver. Adeli, eu estava socorrendo um acidente que houve na RS-040. De fato, prontamente a minha multa foi retirada. O que nós temos de pensar, mais adiante um pouco, Vereador - com todo o respeito ao nosso colega Ver. Alex da Banca -, é que, de repente, poderá acontecer um assalto e a pessoa pedir para abrir caminho, ligar o pisca- alerta; enfim, a policia dará caminho, pensando que está socorrendo uma vítima e, de fato, não será uma vítima. Acho que é importante a discussão. Sou grato a V. Exª

 

O SR. MÁRCIO BINS ELY: Agradeço aos Vereadores que fizeram ponderações a respeito do Projeto. Deixo aqui o registro, os meus cumprimentos à iniciativa do Ver. Alex da Banca; e registro o meu cumprimento a todos. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado, Vereador.

O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Ilustre Presidente, Ver. Dr. Goulart, Vereadores, Vereadoras, estou discutindo em Pauta dois Projetos do Executivo. O primeiro que dispõe a respeito do parcelamento do solo na forma de loteamentos para atender ao Programa de Arrendamento Residencial, o PAR. Eu, em primeiro lugar, acho que o sistema de arrendamento residencial é o melhor sistema para aquisição da casa própria em substituição ao Direito Real de Uso. O que é, na verdade, o Arrendamento Residencial? Na verdade, é um aluguel, a pessoa paga por um certo tempo e, depois, no final, tem a opção de compra daquele imóvel. É um sistema importante, muito correto, que permite que a pessoa pare de pagar e desocupe o imóvel, mas que fica assegurado, em contrato, o direito à propriedade.

 

O Sr. Carlos Comassetto: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. João Carlos Nedel, primeiro que o PAR não substitui a concessão do Direito Real de Uso, é um outro conteúdo que trabalha com a coexistência também do Direito Real de Uso. Em Porto Alegre, nós temos hoje uma carência de aproximadamente 40 mil a 50 mil unidades nessa categoria de habitação popular até 50 mil reais.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Muito obrigado, eu sei bem que não substitui, mas a minha expressão foi “no meu entendimento é o sistema ideal para aquisição da casa própria para moradia popular”, porque no Direito Real de Uso a pessoa paga a vida inteira pelo uso e não terá direito à propriedade. Muito corretamente há uma Lei nesta Casa, de autoria do Ver. Luiz Braz, que já foi aprovada, mas, ao que me consta, Ver. Luiz Braz, ainda não foi regulamentada. Já foi? Eu gostaria até que V. Exª me...

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ainda ontem eu estava no DEMHAB, conversando com o Dr. Tessaro, e existe já toda uma atividade relacionada com essa legislação que nós aprovamos aqui nesta Casa, para dar oportunidade para que algumas pessoas que estão nesse regime de Direito Real de Uso possam adquirir os seus imóveis. Como senso.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Muito obrigado, Vereador. Então, é uma grande notícia. Todos aqueles que estão sob o contrato do Direito Real de Uso podem ficar assegurados, de agora em diante, da propriedade do imóvel no momento em que eles quiserem, pode ser no final, pode ser antes, mas decorridos dez anos de pagamento.

 

O Sr. Luiz Braz: Ver. Nedel. Exatamente, depois de dez anos de pagamento. Aproveitando tudo o que já deram como Direito Real de Uso.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Meus parabéns, Ver. Luiz Braz, foi um grande Projeto que vem resgatar a dignidade das pessoas que terão direito à propriedade do seu imóvel, isso é muito importante.

 

O Sr. José Ismael Heinen: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre colega, Ver. Nedel, além disso temos a Lei também para até três salários mínimos que hoje facilita muito a aquisição do imóvel com a facilidade no encaminhamento das plantas e o habite-se com módulo básico. Sobre o Projeto Luiz Braz, tem muitas sugestões dos próprios moradores dessas unidades no sentido de diminuir esse prazo de dez anos de pagamento. Estão ansiosos para que isso aconteça. Obrigado.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Eu acho que até pode diminuir, porque simplesmente eles podem, a qualquer momento, optar, eu já não sei se o seu Projeto prevê, pagando uma diferença maior, evidentemente, ou ele vai aproveitar um valor menor, ou só pode optar depois de dez anos? Então, somente pode aproveitar após dez anos que estiver no imóvel e estiver pagando a taxa de contribuição.

Mas este Projeto prevê algumas normas do parcelamento do solo, isso vem beneficiar, isso vem acelerar a construção de imóveis por esse sistema. Isso é muito bom. Eu cumprimento o Governo Municipal que está acelerando, estimulando, incentivando a construção e a aquisição da casa própria, via Sistema de Arrendamento Residencial, diminuindo, consideravelmente, o déficit habitacional na nossa Capital. Obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Lembro aos Srs. Vereadores que teremos reunião da Mesa na próxima quinta-feira, às 11h, no Salão Nobre da Presidência.

O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, público presente e aqueles que nos assistem pela TVCâmara, venho a esta tribuna para também discutir como, ontem e anteontem, foi discutido aqui o Projeto de autoria do Ver. Sebenelo, que propõe a proibição da Câmara e dos serviços públicos, dos descontos partidários em folha. Quero dizer que, no meu entendimento, essa é uma visão equivocada do Vereador, porque os Partidos são instrumentos fundamentais da democracia, e a auto-organização e as finanças partidárias são elementos de garantia da possibilidade dessa organização de instrumentos que o Estado republicano detém para o exercício da expressão política, para o exercício da expressão pública, para que a sociedade possa ter as suas representações.

E acho que a intenção é tentar atingir o PT, o que não vai acontecer, aliás, nem o PT, nem a Frente Popular são atingidos por isso, porque é uma visão que tenta reduzir o papel dos Partidos, porque se os Partidos não são financiados pelos seus militantes, se não tem um financiamento com transparência, o que acontece é o financiamento obscuro, o financiamento ilegal, um financiamento não regular de campanhas e do trabalho partidário. Aliás, muito foi feito para tentar atingir o nosso Partido e o Governo Lula, Ver. Gerson, e agora as máscaras começam a cair, aliás, acho que não começam, elas caem definitivamente, estão aí as pesquisas a indicar, ontem, com a Datafolha, com uma extraordinária ascensão do Governo Lula. (Aparte anti-regimental do Ver. João Carlos Nedel.)

A Pauta é a democracia Vereador, a Pauta é debater aquilo que deve ser a representação original e digna. E, portanto, aqueles que querem atingir as representações, aqueles que querem atingir o lícito financiamento, na verdade escondem as suas reais intenções atrás disso.

Por isso que nós estamos, sim, agora que a máscara caiu, demonstrando que o companheiro Lula fará uma reeleição extraordinária, liderando a Frente Popular, a transformação e as grandes mudanças deste País.

 

(Aparte anti-regimental do Ver. Luiz Braz.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Excelência atenha-se um pouco mais ao processo.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Sim, Presidente, eu entendo que estou...

 

O Sr. Raul Carrion: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) O Ver. Todeschini está tratando de um Projeto do Ver. Sebenelo, que proíbe as contribuições espontâneas dos membros dos Partidos, e o Ver. Sebenelo quando tratou disso, tratou falando da questão da corrupção e tal, e o Todeschini está tratando do mesmo assunto.

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Por isso pedi que se ativesse um pouco, não tanto.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Então, eu quero dizer, com muita tranqüilidade, que sou defensor, sim, do fortalecimento partidário, Sr. Presidente. O desconto em folha é um instrumento que facilita a vida dos Partidos, e ninguém é coagido a descontar em folha. O desconto em folha é um uma possibilidade, é uma alternativa, é uma ação espontânea do militante, do contribuinte, porque assim se produz vida partidária ativa, transparente, sustentável, e não com financiamentos de Daniel Dantas da vida, não com financiamentos escusos, porque não adianta vir fazer demagogia aqui, dizer que é proibido descontar em folha e depois receber as polpudas quantias daqueles que inclusive atacam os banqueiros, dos Danieis Dandas da vida, dos Marcos Valérios, dessas coisas todas que têm a mesma origem, o mesmo DNA, que é tucano.

Portanto, tenhamos clareza e tranqüilidade.

Para encerrar, Sr. Presidente, com a sua vênia, muito obrigado, essa é uma tentativa de atingir os Partidos democráticos, os Partidos de esquerda, porque os de direita tem financiamento e a gente sabe muito bem de onde vem. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Muito obrigado.

A Verª Manuela d'Ávila está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. MANUELA D'ÁVILA: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu venho hoje a esta tribuna falar sobre um Projeto de minha autoria que dispõe sobre a utilização dos viadutos e dos muros da nossa Cidade para a realização da arte do grafite. Nós, hoje, vimos uma matéria que se chama matriz do descaso, em que diversas autoridades discorrem sobre o abandono da nossa querida Praça da Matriz. Manifestam-se nesta matéria, Sr. Presidente, Pedro Bisch Neto, Chefe da Casa Civil do nosso Estado; Dr. Roberto Bandeira Pereira, que é Procurador-Geral da Justiça e o Fernando Záchia, que é Presidente da Assembléia Legislativa do nosso Estado. Estranha-me muito, Ver. Ervino, que não exista nenhuma manifestação da Prefeitura Municipal de Porto Alegre sobre uma Praça que está situada na nossa Capital e que é de responsabilidade, em última instância - mesmo com os acordos não cumpridos de preservação -, da nossa Prefeitura. A Praça da Matriz é um símbolo da nossa Cidade, e esta Praça está completamente pichada. Eu digo isso...

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Verª Manuela, apesar de não conseguir um aparte do Ver. Todeschini, eu quero dizer para o Ver. Todeschini que...

 

A SRA. MANUELA D'ÁVILA: Vereador, eu estou falando sobre um tema, um Projeto de Lei e nem falo sobre um Projeto de autoria do Vereador Todeschini.

 

O Sr. Ervino Besson: Eu também acho. Vereadora, eu sou grato pelo aparte. Eu apoio o discurso de V. Exª

 

A SRA. MANUELA D'ÁVILA: Obrigada Vereador. E me estranha muitíssimo que a Prefeitura não tenha opinião para dar sobre este assunto. Nós estamos vendo com bastante admiração, Verª Mônica, a tentativa de consolidar o Disque-Pichação, mas nós sabemos que isso não basta, nós queremos saber a opinião da nossa Prefeitura, porque ela é a Prefeitura de todos os porto-alegrenses. Eu posso ser membro de uma Bancada de oposição, mas a Praça da Matriz é um símbolo da nossa Capital, ela está abandonada, ela está pichada, e o Disque-Pichação não resolve. Isso já foi feito. O Disque-Pichação é para denúncias que virão, não para o que já aconteceu. Qual é a opinião do nosso Prefeito sobre isso? Quais são as alternativas que estão colocadas? Vejam só o limite do ridículo em que caímos: há uma proposta de adoção da Praça da Matriz pelo Ministério Público do nosso Estado. Uma Praça que é da cidade de Porto Alegre, e a Prefeitura e o Prefeito não se manifestam sobre o assunto. É inadmissível, Verª Mônica, que exista tanto descaso com a nossa Cidade, com os símbolos, que não é só a nossa Cidade, mas é a Capital de todos os gaúchos.

 

A Srª Mônica Leal: V. Exª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Verª Manuela, a preocupação do Prefeito é tão grande que, veja V. Exª, o custo da hora para refazer um monumento por um funcionário do DMLU, é de R$ 6,48. A preocupação do Prefeito é tão grande, que o objetivo é unir forças de todas as áreas responsáveis, para tratar essa questão da pichação. Agora não se pode em tão pouco tempo resolver uma questão que vem de anos e anos na cidade de Porto Alegre. Eu comungo da sua preocupação, e foi justamente com este objetivo de trabalharmos essa questão que esta Câmara trouxe para a Comissão de Saúde e Meio Ambiente a discussão, e vamos juntas trabalhar, com certeza.

 

A SRA. MANUELA D’ÁVILA: Verª Mônica, eu compartilho da sua preocupação com relação à pichação na nossa Cidade, mas um ano e dois meses não é pouco tempo para tratar da Praça da Matriz. Um ano e dois meses é bastante tempo, é tempo suficiente para, pelo menos, o Prefeito formular uma opinião e emiti-la. Tudo bem, pode ser pouco tempo para grandes obras, grandes questões. Agora, ter uma opinião sobre uma Praça, que é símbolo da Capital de todos os gaúchos e gaúchas é tempo o suficiente, aliás, é mais tempo do que o necessário, porque Secretários do Governo têm mais responsabilidade e tratam cotidianamente dessa questão. Eu, sinceramente, gostaria de conhecer a opinião, gostaria de saber se o nosso Prefeito tem uma opinião, porque me parece que quando um grande veículo entrevista o Procurador-Geral de Justiça e não tem uma opinião clara do Prefeito é porque nós não temos essa opinião para dar.

Eu digo isso, porque nós temos uma proposta, uma proposta que não é para resolver os males do mundo, mas é para criar uma alternativa para essa juventude que eu sei que V. Exª apóia, assim como o Secretário Kevin Krieger também já se colocou à disposição, se solidarizou com ela, porque essa proposta trata justamente de incluir esses jovens, e eu relatava a V. Exª que tive em meu gabinete um jovem apenado, preso ao estar pichando, e ao simplesmente colocar - vejam, não eram projetos da Prefeitura, foi um gesto solidário - esse menino em contato com os outros que trabalham com a arte do grafite, esse jovem, que se chama Lucas, hoje inclusive faz exposições com as telas que produz, a partir da arte do grafite. São alternativas como essa que nós queremos ver. Mas nós queremos conhecer a opinião do nosso Prefeito sobre elas, porque não nos bastam Secretários. A maior parte da população de Porto Alegre, não a totalidade, elegeu um Prefeito, e esse Prefeito tem que se manifestar sobre as coisas que são caras para todos os porto-alegrenses. Muito obrigada.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado, Vereadora.

 

O SR. CLAUDIO SEBENELO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu fui o quarto a chegar aqui e, mais de uma vez, fui preterido. É a terceira vez que eu faço Questão de Ordem em relação a uma letra só, de uma pessoa, que faz toda a Pauta. Isso não pode continuar acontecendo. Pela terceira vez eu sou “passado para trás”, passado para sexto. Eu fui o quarto a chegar, inclusive com testemunho de outras pessoas. Não acuso ninguém. Apenas quero dizer que está havendo uma injustiça grosseira na seqüência da Pauta. Isto é injusto e depois se torna unilateral.

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Acatada a sua indignação.

 

O SR. CLAUDIO SEBENELO: Mas é uma letra só. Esta é a questão. Os outros também não inscreveram nada e estão na Pauta.

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Acatada a sua indignação. Aqui temos uma lista que a Presidência recebeu, onde V. Exª está inscrito em sexto lugar.

 

O SR. CLAUDIO SEBENELO: Eu sou o quarto da lista e fui colocado erradamente. Esta é a questão.

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): V. Exª pondera que está em quarto lugar, mas infelizmente a prova material não poderá acudi-lo, pois aqui temos a Pauta.

Em socorro desta indignação do Vereador, comunico aos Srs. Vereadores que a partir de hoje só será tolerada a assinatura do Vereador que se inscrever, conforme o art. 152 desta Casa. Será passível, inclusive, de incômodo e punição quem inscrever de sua própria letra para outro. Não inscrevam outros Vereadores. Simplesmente será chamado pela ordem de assinatura pessoal dos Vereadores, cinco Vereadores.

O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ADELI SELL: Meu caro Presidente, colegas Vereadores e colegas Vereadoras, eu vou tratar também do Projeto da Verª Manuela d’Ávila, que dispõe sobre a utilização de viadutos e muros das escolas públicas municipais para a educação da arte do grafite.

Eu acho que nós podemos fazer desta Cidade um exemplo. Em Barueri, no Estado de São Paulo, todos os viadutos estavam imundos e completamente sujos, a municipalidade, através da Secretaria de Cultura e da Secretaria de Educação, Ver. Gerson Almeida, fez um estudo da formação histórica da cidade de Barueri, formada por índios. E com motivos indígenas, com a questão da cultura, que formou aquela Cidade, os pichadores foram chamados à discussão, e aqueles que queriam aprender a arte do grafite, aqueles que queriam trabalhar para o embelezamento da Cidade tiveram essa oportunidade, e diferentemente da maioria dos Municípios da Grande São Paulo, Barueri se tornou um exemplo de uma cidade limpa, pintada e grafitada.

Recentemente, passei na cidade de Chapecó, em Santa Catarina, é uma das maiores cidades de Santa Catarina, eu vi uma pichação só - uma -, mas eu vi empresas com os nomes comerciais e com alusões aos produtos vendidos belamente grafitados, como vi também, dias atrás, em dois estabelecimentos da Av. Azenha.

Eu tenho - tal qual a Verª Manuel já citou - um quadro no meu gabinete grafitado - bonito, encantador - sobre a Usina do Gasômetro.

Então, nós precisamos abrir os espaços de grafitagem, mas todos eles discutidos e devidamente autorizados; e para que se possa discutir o embelezamento da Cidade, pintar esta Cidade, fazê-la, em termos de coloração, a cidade da primavera 365 dias por ano.

 

A Srª Mônica Leal: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Adeli, enquanto eu o escutava, se não me engano, V. Exª falou em pichadores. Mas é necessário que V. Exª deixe bem clara a diferença de pichação e grafitagem, porque a grafitagem é uma arte urbana; a pichação é um delito, um pequeno delito. E as pessoas têm a tendência de confundir isso. Porque o que está aí na Cidade, nos monumentos, é pichação, e pichação é crime, pequeno, mas é.

 

O SR. ADELI SELL: Quanto à Praça da Matriz, recentemente citada, eu participei de uma reunião, ontem, sobre esse assunto. É um escândalo o abandono da Praça da Matriz! É inaceitável! Veja que as crianças do Colégio Olinto, da Cidade Baixa, partiram da Lei nº 8.840, de minha autoria, sobre a necessidade de juntar as fezes dos animais, fizeram pequenos cartazes e distribuíram folhetos. Não há fezes de animais na Praça da Matriz, mas há fezes humanas, há um mau cheiro impressionante. E o melhor e mais interessante monumento desta Cidade, que é o monumento a Júlio de Castilhos, que, em 1999, por uma ação da nossa iniciativa, com o Sindasseio e empresas de limpeza, foi totalmente restaurado. Hoje, ele está totalmente pichado, como aqui, também, o monumento a Loureiro da Silva. Como a Ponte de Pedra, Ver. Gerson Almeida, que é um elemento importante, que é, na verdade, um elemento praticamente fundante da Cidade, faz parte da nossa história, mas ela, sistematicamente, é pichada, suja, como tantos outros monumentos. Portanto, nós temos que fazer um mutirão de limpeza na Cidade, e o Poder Público tem que comprar essa briga. Inclusive, eu queria sugerir ao nobre Presidente que comecemos pela Câmara Municipal, Ver. Dr. Goulart, que os dois totens que indicam a Câmara Municipal sejam limpos, pintados, e que nós façamos um ato de luta contra as pichações, para que comecemos, pela Câmara Municipal, a mostrar que esta Cidade não vai tolerar pichações, mas abrirá um espaço de cultura para aqueles que quiserem fazer a arte da grafitagem. Não vamos confundir: pichação é crime; grafitagem autorizada é arte. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, eu desejo fazer um esclarecimento. É que, habitualmente, eu sou um dos primeiros a chegar e eu tenho feito essa relação da chegada dos Vereadores que permanecem em Plenário. Hoje, não fui eu que fiz. Eu não fiz nenhuma injustiça nenhuma vez, tenho absoluta convicção.

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Está aqui assinada de seu próprio punho - uma das poucas de próprio punho -, em 7º lugar.

Eu quero falar para V. Exas da gravidade do fato de a lista de chegada ser assinada por um Vereador em nome de outro; essa lista necessita de assinatura. Isso - uma coisa tão simples - poderá nos levar a problemas, inclusive, de decoro por falsidade ideológica. Então, como aqui é necessária a assinatura, não escrevam os nomes um pelo outro, como às vezes pode acontecer, até no sentido de fazer uma delicadeza. Se a lista estiver assinada pelos Vereadores, serão chamados para discutir a Pauta; se os nomes estiverem em letra de imprensa, com só uma caligrafia, eu abrirei nova inscrição.

O Ver. Adeli Sell está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ADELI SELL: Falo, meu caro Presidente, em nome da minha Bancada, que me honrou com a tarefa de aqui colocar um conjunto de graves problemas que nós enfrentamos diuturnamente na cidade de Porto Alegre, no último ano. Nós demos tempo ao novo Governo para que montasse as suas estruturas, escolhesse os seus Secretários e os seus principais assessores. Não colocamos nenhum impedimento para esta Administração. Votamos favoravelmente à constituição de novas Secretarias, como a da Juventude, a da Acessibilidade e à mudança e reestruturação de várias outras. Não nos opusemos aos orçamentos específicos de nenhuma das Secretarias do Governo atual. Mas nós estamos escandalizados, como escandalizado está o povo de Porto Alegre, com a situação de abandono da nossa Cidade. Não são apenas as praças públicas que estão tomadas por moradores de rua. A orla do Guaíba já tem até habitações, as praças não são mais das pessoas, dos idosos. A Praça Daltro Filho, por exemplo, é a praça dos malfeitores, dos ladrões da Cidade Baixa, e a liberalidade é total e absoluta, porque, inclusive, vende-se todo e qualquer tipo de produto de forma não legalizada. Um funcionário dizia que as capinas estão sete meses atrasadas! Sete meses! Em alguns lugares nós já temos matagais! Matagais! Nós temos cobras e lagartos em muitos lugares, não apenas em lugares abandonados, como é o caso aqui da orla do Guaíba, não, isso acontece em vilas, mas também em bairros importantes, bairros de classe A. Nós temos bocas-de-lobo totalmente tomadas pelo lixo, porque a liberalidade dada ao carrinheiro, ao carroceiro não dá nenhum impedimento para que essas coisas aconteçam.

Onde está a fiscalização? A fiscalização é uma confusão absoluta. Hoje, inclusive, nós tivemos um caso que é recorrente, mas, se aconteceu com o meu gabinete, e eu sou Vereador, imaginem com o cidadão comum! Uma denúncia foi levada a uma Secretaria: “Não, passa para o 156”. “Não, não é com o 156, é com a outra Secretaria”. “Não, não é comigo, é com a outra Secretaria”. E ainda me foi dito: bom, o Vereador não está mais na Administração. É óbvio que nós sabemos que nós estamos na oposição - na oposição. E nós somos responsáveis, porque não chegamos aqui abrindo metralhadora para todos os lados, como faziam os Vereadores da oposição quando o PT estava no Governo. Nós estamos aqui para dar dados concretos.

Perguntem aos protetores de animais o que acontece com o CCZ, o Centro de Controle de Zoonoses? Não funciona! É um barbarismo! Nunca se tem um atendimento em relação à questão dos animais! Nenhum! É o caos! O CCZ não existe! Colocaram lá uma pessoa que não tem nenhum conhecimento da situação. Onde está o grupo de trabalho de proteção aos animais que o Vereador-Secretário Beto Moesch dirige na Prefeitura?! Bom, se nem das praças o Secretário cuida, vai cuidar de animais...?!

A questão da Saúde Pública. Onde está a questão da Saúde Pública? Não prometeram melhorias e soluções? O PSF da Castelo é uma tapera, tudo foi levado embora, até faltam medicamentos! Para uma consulta oftalmológica, precisa-se de dois anos e meio, três anos. Onde estão os horários dos médicos? Tudo era culpa dos enfermeiros na Administração do PT. Os médicos iriam resolver o problema. Pois eles hoje mandam na Secretaria, ou melhor, eles têm o desmando na Secretaria, porque nós não temos cumprimento de horário pelos médicos na Secretaria Municipal da Saúde. Não bastasse isso, nós temos as vilas infectadas de bicho-de-pé e de carrapatos. São as comunidades que estão colocando essa situação.

E mais. Algumas coisas são símbolos... Por exemplo, aqui, ao nosso lado, a Usina do Gasômetro foi cedida para duas festas rave. Aqui ao lado do Gasômetro, na Marina Pública, durante uma sexta-feira ninguém dormiu nessa ponta da Cidade, porque também foi cedida para uma festa rave. Não bastasse isso, são dezenas de dispensas de licitações pelo art. 24, inciso IV, de calamidade pública. Foi assim a contratação da vigilância privada na EPTC por 90 mil reais; foi assim também a compra de toner e a compra de sabão líquido. Não há calamidade pública que me faça comprar sabão líquido com dispensa de licitação. Vai mal, vai muito mal o Governo no trato da coisa pública e no cuidado com a nossa Cidade. Que o Governo e suas Lideranças nos respondam, por favor, porque o povo quer saber e nós temos de comunicar ao povo que nos cobra, diariamente, aqui nos nossos gabinetes. Falei em nome da Bancada do PT. Obrigado. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado, Excelência.

A Verª Clênia Maranhão está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Vereador, é com muita tranqüilidade, muita segurança e também com uma satisfação enorme que eu respondo a essas perguntas, considerando a confiança e a avaliação positiva que temos de um ano de trabalho do nosso Governo.

Preliminarmente eu queria responder aqui às questões trazidas pelo Ver. João Antonio Dib, reafirmando que a Prefeitura não esqueceu e não está esquecendo nem da Associação dos Funcionários, nem do Hospital Porto Alegre. Queria apenas dizer que o Fundo de Saúde, pela exigência constitucional, pela Lei que criou o SUS, é um Fundo que define a aplicação dos recursos e, evidentemente, há um congelamento nas tabelas dos preços para todos os serviços. Mas os recursos da Saúde são da população e, por uma questão legal, não podem ser dados prioritariamente para um ou outro segmento. Quero dizer que a Prefeitura de Porto Alegre repassa, mensalmente, um milhão e 500 mil reais, aproximadamente, para o Hospital Porto Alegre, um milhão e 200 mil reais dos pagamentos mensais, acrescidos de mais 300 mil reais de subvenção. Hoje, não há um plano especial de previdência dos funcionários do nosso Município, isso é uma discussão, inclusive, importante de ser feita na nossa Cidade.

A segunda questão que eu trago é a questão levantada pela Verª Manuela sobre um tema muito importante, sobre a preservação dos espaços públicos da nossa Cidade. Eu queria dizer que os trabalhos que nós estamos fazendo na área da preservação, primeiro, mantém a continuidade dos trabalhos anteriores, através do Compac - do Conselho - e através do Epahc que já existia no Governo passado e que neste Governo dá continuidade ao trabalho existente e implanta novas medidas extremamente importantes.

Mas eu também quero lembrar às Sras. Vereadoras e aos Srs. Vereadores que, durante muitos e muitos anos, desta tribuna, não apenas eu, mas outros Vereadores, falamos do tratamento inadequado, dado nas décadas anteriores, aos prédios públicos da nossa Cidade, o que realmente fez com que herdássemos uma situação de muito abandono, inclusive de muito roubo, que aconteceu na Cidade por parte de assaltantes, de pessoas que roubavam partes dos monumentos porque são compostos de materiais caríssimos. Essa é uma história triste dos nossos monumentos aqui no nosso Município.

Porém, referente à Praça da Matriz, eu queria lembrar que o acordo entre os três poderes que circundam a Praça - hoje são quatro poderes que circundam a Praça - não é um acordo que foi feito no Governo Fogaça, esse acordo foi feito em 12 de setembro de 1994, há 12 anos. Há 12 anos, a Assembléia Legislativa, o Governo do Estado e o Poder Judiciário fizeram um acordo de preservação da Praça da Matriz; nós não éramos Governo ainda naquele momento. E essa legislação de adoção também não foi feita no nosso Governo. Portanto, se há uma crítica em relação a isso, me desculpe, mas essa crítica não é para ser feita para nós, é para ser feita para o Governo anterior.

Mas eu vou entrar aqui, para concluir, Sr. Presidente, nas duas ações novas além da continuidade das ações que já eram feitas no Governo passado. Em relação às pichações, em relação à atuação dos grafiteiros, duas questões distintas.

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Último assunto, Excelência.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Para concluir, Sr. Presidente, quero dizer que a primeira ação é um trabalho educativo, que está sendo feito através do Epahc, para que os grafiteiros possam ter mais possibilidade de expressão da sua arte - os grafiteiros são, no mundo inteiro, reconhecidos como artistas -, um trabalho de conscientização sobre isso e um trabalho de diferenciação entre o trabalho de grafismo e o da ilegalidade que é a pichação do prédios públicos, que são duas coisas completamente diferentes. Para a primeira, estão sendo organizadas oficinas de arte e de conscientização para que os grafiteiros possam ter espaços de manifestação da sua arte. E sobre aqueles que não são grafiteiros, mas que são pessoas que poluem a Cidade, que picham os prédios públicos, que destroem os monumentos, sobre essa situação é necessária uma vigilância, é necessária uma ação punitiva, e a Prefeitura de Porto Alegre está fazendo uma ação integrada com a Brigada Militar no sentido de dar mais luminosidade, mais acesso, mais fiscalização aos prédios públicos da nossa Cidade, prédios que nós amamos tanto, prédios que todos nós queremos ver preservados.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Obrigado, Vereadora.

O Ver. Maurício Dziedricki, nosso jovem Líder trabalhista, está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. MAURÍCIO DZIEDRICKI: Sr. Presidente, Ver. Dr. Goulart, nosso grande Líder trabalhista dividindo a frente dos trabalhos; Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, eu venho a esta tribuna hoje com um recado particular que fez com que nós tivéssemos uma motivação toda especial na instalação da Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana da nossa Cidade. A temática da segurança no trânsito é algo que preocupa o trabalhador, preocupa o cidadão, preocupa quem conhece os problemas da nossa Cidade.

Uma das questões que me fez levantar o Plano de Metas que teria a EPTC foi a proximidade do carnaval. Eu talvez tenha sido um crítico dessa Empresa, mas neste momento eu quero dizer aos nossos Vereadores, e principalmente dividir com a comunidade de Porto Alegre, que eles, de pronto, mandaram retorno, Ver. Adeli Sell, sobre a política de trânsito. O que me muito me preocupou foi nós termos esclarecidos quais serão os métodos de controle de velocidade, de controle do abuso do álcool, que foi pauta, nesta Sessão Ordinária, de muita discussão, para que evitássemos os grandes acidentes, a morte no trânsito e os atropelamentos.

Fiz uma ligação, agora, ao José Wilmar Govinatzki, Diretor de Trânsito e Circulação, em que apresentou um levantamento com 51 agentes de trânsito, controlando a fiscalização e a sinalização, por meio de cones, redutores de velocidade e material humano nas vias próximas ao complexo Cultural do Porto Seco, com um incremento: existirão outras cinco equipes com os instrumentos chamados etilômetros, por nós vulgarmente conhecidos como os bafômetros, fazendo blitze nas principais vias da Cidade. Principalmente naquelas vias com maior facilidade de abuso de velocidade, lá estarão outras equipes com os dispositivos dos radares móveis.

Nós estamos com a complexidade do carnaval permeando outras áreas, e, nesse momento, trago-lhes a tranqüilidade do retorno da EPTC. Como já disse, fui e serei crítico toda vez que a EPTC desvirtuar o poder e as atribuições que tem de educar para o trânsito de Porto Alegre, mas, neste momento, um pronto atendimento do Diretor de Trânsito nos respondeu a essa informação, colocando, dessa forma, 86 agentes de trânsito para tratar do carnaval na nossa Cidade. Nós teremos uma campanha educativa para evitar a direção alcoolizada dentro do complexo Porto Seco. Nós teremos guinchos para que levem os carros que estão em condição irregular naquelas imediações. Nós estamos apoiando, de forma concreta, para que o carnaval seja um momento lúdico, de brincadeira, de ânimos à flor da pele, mas à flor da pele dividindo a alegria, não a tristeza dos acidentes, não o aço retorcido, não o corpo estendido na via.

Essa é uma questão que nos preocupou e vai-nos preocupar muito, porque, de imediato, o Ver. Todeschini, o Ver. Raul Carrion, a Verª Maria Celeste, a Verª Margarete Moraes, bem como o Ver. Ervino Besson se mostraram favoráveis a que tenhamos uma discussão permanente na CEDECONDH sobre a política de trânsito no nosso Município, isso porque nós entendemos da complexidade, mas também o tamanho que isso ocasiona, de revolta, de ira, de comoção daqueles que perdem suas famílias, seus parentes por conta do trânsito na nossa Cidade.

A política de sinalização do trânsito foi respondida, e a tranqüilidade que eu procurei trazer, usando a Liderança da minha Bancada, é para registrar aos nobres Pares, que, neste momento, estamos bem acobertados pela ação da Empresa Pública de Transporte e Circulação, no que diz respeito ao evento do carnaval, na nossa Cidade.

Quero aproveitar aqui também o debate para estabelecer uma analogia, uma reflexão à pichação, e muitos tratam da pichação em ambientes públicos, e agora aqueles que pretendem tratar da pichação no ambiente privado? No muro da nossa casa, no nosso bairro, sujando, poluindo, isso não é grafite. Isso é vandalismo, isso é crime e tem que ter medida positiva, sim, por parte da nossa Prefeitura, por parte da Brigada Militar. Só que isso é um conceito que vem de longa data, é um conceito que prima pela educação. Se nós não levarmos à educação, mascaremos esse problema como simples questão de expor obras artísticas, nós estaremos ofendendo aqueles que acreditam que ainda vale a pena conservar seus bens materiais, que ainda vale a pena manter sua casa em ordem, porque lá estão os pichadores. Esses devem ser punidos! O grafite, quer seja em viadutos, quer seja em ambiente público, sou favorável a que tenhamos oficinas de incentivo. Agora a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Segurança Pública, a Brigada Militar, a Prefeitura de Porto Alegre têm que ter ação contrária a isso. Eu tenho certeza de que as respostas aqui dadas pelo Poder Público, pelo ente Executivo, estão nesse sentimento. Já foi travado o debate aqui, para criarmos uma linha, um disque-denúncia de pichação; já temos casos de Guardas Municipais que fizeram com que os pichadores, através do juízo retributivo, da justiça restaurativa repintassem os muros. Nós estamos andando no caminho certo, que passa pela educação, que passa pela responsabilidade e que passa, acima de tudo, pelo compromisso de não somente apontarmos os defeitos, mas construirmos soluções.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): O Ver. José Ismael Heinen, que, entre outras atividades, se destaca por suas ações no cooperativismo, está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOSÉ ISMAEL HEINEN: Ilmo Sr. Presidente, Ver. Dr. Goulart; nobres Vereadoras e Vereadores; telespectadores da TV Câmara, amigos que nos assistem. Eu quero, Sr. Presidente, deixar registrado, hoje, que no dia 21 de fevereiro comemora-se os 61 anos da Batalha da Tomada de Monte Castelo. Foi um marco decisivo no fecho final da 2ª Guerra Mundial, onde o maior número de soldados brasileiros tombaram.

Muitos soldados morreram na Itália e ficaram por anos como símbolo da história no Cemitério de Pistóia na Itália. Esse marco deixado nos campos da Itália, com certeza, fará com que sempre prevaleça, no coração do brasileiro, na mente histórica e épica do cidadão, as lembranças do holocausto, das vidas, em defesa da liberdade e dos princípios democráticos.

Muito se fala em democracia, parece que o mundo todo pratica democracia ou nós temos democracias diferentes. Mas a democracia que eu penso, que eu defendo é a democracia que dá o direito de liberdade, de expressão, a democracia representativa do acatamento às decisões da maioria sem prejuízo da minoria.

Quero parabenizar todos os componentes do Exercito Brasileiro que há 61 anos estavam em batalhas ferrenhas e marcaram com a sua vitória a marcha e a grandiosidade do nosso Exército. Um Exército, hoje, nobres colegas, que recomeça uma participação novamente silenciosa, mas ativa na vida da nossa sociedade. Nosso Exército, recentemente, foi convocado pelo seu comandante-mor, Presidente da República, na construção de estradas, porque é uma mão-de-obra mais barata; foi convocado para ajudar a tapar os buracos que assolavam nossas estradas brasileiras, foi convocado para ajudar no combate da aftosa, que foi uma negligência do nosso Governo Federal em não liberar as verbas aprovadas para o devido combate e a vacinação do nosso gado. Hoje, na nossa Cidade, o Exército Brasileiro também se une com a nossa Prefeitura, com a Saúde Pública do País num combate exemplar à dengue. Cento e quarenta e sete soldados comandados, Sr. Presidente, por um general de saúde, participam do que eu acho mais importante no combate às deficiências da Saúde, que é a previsão. Anteciparmo-nos é prepararmo-nos para que não venham os surtos de febre amarelas, surtos de doenças malignas contagiosas, como é a dengue. E o Exército realiza oficinas, dentro dos quartéis, fazendo com que cada soldado pratique, lá nas suas unidades, e possa levar essa cultura para sua comunidade, para sua casa, para os seus bairros. E, também, acompanha, visitando as moradias, as casas dos porto-alegrenses, o sobreaviso do que tem de ser feito para que isso se torne uma cultura na nossa Cidade, principalmente na Saúde pública.

Eu quero, por isso, Sr. Presidente, parabenizar os componentes que, há 61 anos, das Forças Armadas, em luta, defenderam a democracia, e que hoje se unem ao Poder Público, inclusive o nosso municipal, num combate à prevenção da dengue. Com esses soldados nós temos um Projeto que voltarei, em outra oportunidade, a tecer, que busca dar amparo ao soldado quando ele tiver baixa. Parabenizo o soldado brasileiro, que é, talvez, o único das classes brasileiras que recebe aquém do salário mínimo. Obrigado, Sr. Presidente.

(Revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dr. Goulart): Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

As Lideranças reunidas entre 12h e 13h determinaram um novo curso de Discussão Geral e Votação diferente do apresentado ordinariamente. Solicitamos, portanto, aos Líderes, que passem às suas Bancadas, e entendendo que isso tenha sido feito, coloco em votação esta nova ordem.

Em votação nominal, solicitada pelo Ver. Haroldo de Souza, a nova ordem para votação. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) (Pausa.) Não há votos suficientes para a nova ordem de votação.

Não havendo quórum, encerramos os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 17h17min.)

 

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